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É duplamente valioso
Somos filhos dilectos
De um povo herói do quotidiano.
(GARCIA, 1998, p. 152).
O mesmo guerrilheiro mártir que transforma e reconstrói a Nação, figura nos
poemas de Vera, sempre como aquele que trará o futuro. A liberdade esperada, o sonho a
ser realizado depende do guerrilheiro:
GUERRILHEIRO
Trazes em ti
O elemento que desequilibra
Exigindo transformação
Por ti o sonho se fecundou
E em concreta utopia
Os corpos duros e belos
Fundiram-se com as trevas
Na noite densa do mato
Turbilhão de angústia
Paixão grande
Vida a transbordar...
A sociedade não te permitirá assim
E será a luta adiada
Sonho-presente
Do futuro-realidade.
(GARCIA, 1998, p. 153).
Sophia de Mello Breyner Andresen revela em seus versos a aversão salazarismo e a
perda da sua liberdade, com uma linguagem extremamente clara e objetiva, mas, ao mesmo
tempo, obscura e misteriosa quanto ao seu objeto. Em
Pranto pelo dia de Hoje
e
O velho
abutre
, Sophia ressalta a podridão do governo ditatorial de Salazar:
PRANTO PELO DIA DE HOJE
Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido