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VOZES HISTÓRICAS E SOCIAIS: AS RELAÇÕES DISCURSIVAS EM “MESTRE
TAMODA” E MANANA, DE UANHENGA XITU
Izabel Cristina Souza Gimenez
Sérgio Paulo Adolfo – Orientador
Universidade Estadual de Londrina
Resumo:
A obra de UanhengaXitu – um dos mais significativos autores angolanos – é marcada pela
diversidade discursiva, na qual ressoam vozes históricas e sociais. Tanto no conto “Mestre Tamoda”
quanto no romance
Manana
é por meio do entrecruzamento dessas vozes, representadas pela língua
portuguesa e pela língua quimbundo, que o tema da manutenção da tradição e o da aculturação,
aspectos intrinsecamente históricos, são transformados em literatura. Nesta pesquisa, pretende-se
analisar as duas obras, sobum viés histórico-sociológico, tomando como base teórica,
principalmente, as concepções de Mikhail Bakhtin, e os estudos culturais a partir de Stuart Hall e
Kathyn Woodward. Destaca-se que é uma pesquisa, ainda em andamento, vinculada ao Programa
de Pós-graduação
stricto sensu -
Estágio Pós-doutoral - da Universidade Estadual de Londrina.
Palavras-chave: Mestre Tamoda;
Manana;
UanhengaXitu.
Vozes Históricas e Sociais
Uanhenga Xitu (nome Kimbundo) ou Agostinho André Mendes de Carvalho é um
angolano, que militou no MPLA – Movimento pela libertação de Angola, esteve preso no
campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, durante doze anos, período no qual
começou a escrever sua obra literária, esta comprometida com os problemas sociais do
povo angolano. Constituem a obra:
Meu Discurso
(1974);
Mestre Tamoda
(1974);
Bola
com Feitiço
(1974);
Manana
(1974);
Vozes na Sanzala-Kahitu
(1976);
Os Sobreviventes da
Máquina Colonial Depõem
(1980);
Os Discursos de Mestre Tamoda
(1984);
O Ministro
(1989);
Cultos Especiais
(1997);
Mestre Tamoda e outros contos
(1985),
Os Sobreviventes
da Máquina Colonial Depõem
(reedição 2002);
O Ministro
(reedição 2005). Em 2006
recebeu a distinção do Prêmio de Cultura e Artes na categoria de literatura pela qualidade
do conjunto da sua obra literária.
Os textos de Uanhenga Xitu, particularmente “Mestre Tamoda” e
Manana
, objetos
deste trabalho, transitam do campo para a cidade e, desta forma, permitem a representação
dos aspectos sócio-culturais de um e de outro espaço, configurando vozes históricas e
sociais que ecoam em um país que durante séculos esteve sob a dominação portuguesa.