Página 79 - Anais do IV Seminário Leituras da Modernidade: entornos da poesia

contaminada pela escola literária Neorrealista-Portuguesa – surge expressivamente
representando a voz de uma nação que desejava a descolonização de suas nações. Deste
modo, a força evocativa “impressa” nas criações literárias impulsionaram os países em
sua luta pela libertação política, social, literária; por fim, a libertação de um povo
predestinado injustamente a carregar as dores de sua cor, cuja marca instala-se sobre o
preconceito social-racial-cultural de todo um povo; contudo, prestes a converter a
situação.
Muitos movimentos políticos e expressões literárias surgem e reforçam o desejo
da descolonização portuguesa, tais como: a Negritude, o Pan-africanismo, o movimento
angolano do Vamos Descobrir a Angola, a literatura Calibanesca, os Claridosos de
Cabo Verde, a FRELIMO em Moçambique, enfim, intelectuais, ativistas e escritores se
unem pela luta contra o colonizador em busca, portanto, da descolonização de seus
países.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e com o consequente enfraquecimento
de algumas potências imperiais, tais como, a França e a Inglaterra, e também com a
mudança do eixo majoritário mundial, o poderio Norte americano, EUA, e a antiga
URSS, pressionaram as nações europeias à concederem a libertação às suas colônias na
África. Deste modo, da década de 70 em diante, as cinco nações de colonização
portuguesa vão ganhando espaço político e declaram-se “independentes”.
Portanto, durante este período de contenta político-literária, a poesia
moçambicana floresce como resposta a guerra contra o colonialismo, já que a grande
maioria dos escritores eram membros da FRELIMO – Frente de Libertação de
Moçambique. Por meio da ascensão dessa força política no início dos anos 60, alguns
escritores, intelectuais e ativistas ergueram-se conjuntamente contra o regime
colonialista português, agindo tanto na luta armada quanto na luta literária. Só para citar
alguns escritores e ativistas políticos deste período, temos: Noémia de Sousa, José
Craveirinha, Rui Nogar, Eduardo Mondlane.
Apesar dos textos diferirem em suas composições, já que cada autor carrega
consigo o seu próprio estilo, algumas características em comuns são compartilhadas,
tais como: uma temática centrada numa poesia de ambição política em que os autores