CINCO HORAS DA MANHÃ:
A POESIA MOÇAMBICANA E O
COLONIALISMO PORTUGUÊS
Clauber Ribeiro Cruz – Mestrando
UNESP-FCL/Assis – CAPES
RESUMO:
Orlando Mendes (1916-1990), poeta e romancista moçambicano, é um dos
precursores
na transmissão da grandeza nova que herdou
: a poesia. Em meio a um país cercado
pelo poderio colonial, o poeta une-se “às vozes” que denunciam o sofrimento de um povo em
busca do restabelecimento dos seus valores nacionais, tecendo uma nova
manhã que irrompe
por meio de criações literárias fundadoras na luta contra o colonizador
,
instaurando, deste modo,
o despertar do conhecimento e do valor da cultura africana - junto a um sentimento de
identificação com a terra e a busca pela legitimação dos negros no embate contra a imposição
lusitana. Portanto, por meio da análise poética do poema
Cinco Horas da Manhã,
será
observado as relações entre o processo de conscientização da literatura moçambicana e do
(re)nascer de uma nação.
PALAVRAS-CHAVE:
Colonialismo português; Moçambicanidade; Negritude; Orlando
Mendes; Poesia.
As Literaturas Africanas em Língua Portuguesa surgem, expressivamente, no
continente africano com a intensificação do panorama colonial no início do século XX,
principalmente no período entre Guerras, no qual a partilha da África foi feita
indiscriminadamente pelos europeus na chamada Conferência de Berlim, que, na
verdade, desencadeou uma corrida desenfreada para o desmantelamento do continente
africano.
Dentro deste panorama, os cinco países colonizados por Portugal no continente
africano - Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique –
lutaram pela nacionalização e descolonização de seus respectivos países, através de
violentas lutas armadas, da oposição política e com a força impulsionada pelas palavras,
resultando, por sua vez, numa luta literária engajada. E é neste momento que todas essas
mobilizações unem-se em prol de uma única intenção e desejo: a independência das
nações.
A literatura teve um papel fundamental na luta contra o colonizador português,
pois, assim como a nação, uma manifestação literária de combate, ou mesmo engajada –
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