usam a literatura para apresentar pontos de vistas nacionalistas e revolucionários com o
propósito explícito e implícito de proclamar uma mensagem política; segundo, em
consequência disso, a poesia torna-se de fácil acesso, já que o estilo, a sintaxe, as
licenças poéticas e a linguagem ficam num nível de fácil apreensão da mensagem
poética. Além do mais, as criações poéticas que floresceram durante a luta contra o
poder colonial revelavam um fundo social direto ou mesmo indireto, sendo que o
objetivo político é de sempre enfrentar uma perspectiva de melhora nas condições
sociais e econômicas do país.
Há uma ideologia política muito marcada em algumas das criações poéticas de
Orlando Mendes, já que era um convicto defensor do socialismo revolucionário, o que
pode ter prejudicado um pouco a composição do engenho do seu texto, ou mesmo
deixando-o com uma sintaxe mais simples, vindo, portanto, ao encontro da premissa
fixada no parágrafo anterior, de que a linguagem tem uma sintaxe básica e de fácil
apreensão devido ao contexto colonial como “pano de fundo”. O labor estético de sua
obra ainda é incipiente, todavia, o conjunto de sua produção artística é elementar na
construção do sistema literário moçambicano.
Rui Knopfli diz que a produção literária em Moçambique, na época colonial,
ainda era precária, até mesmo Orlando Mendes reafirma dizendo que a sua obra é
medíocre, pois:
“
(...) Nós não temos ainda escritores de quem se possa dizer que são
universalmente projetáveis. Porque também nós vimos do subdesenvolvimento e
sofremos a marca do subdesenvolvimento” (CHABAL, 1994, p.83).
Por isso que muito dos textos concebidos nesta fase centram-se na denuncia da
situação colonial do país, propagando a degradação humana causada por este processo.
Ademais, apesar de uma escrita engajada, revela-se e denuncia-se o colonialismo:
Às vezes refere-se ao grande “demônio” do mundo explorador, outras
à discriminação responsável pelas condições responsáveis pelas
condições miseráveis sob as quais os moçambicanos ou africanos,
geralmente negros, têm de viver. (CHABAL, 1994, p.50-51)
Deste modo, nação e literatura entrelaçam-se constantemente nesta fase em que
o colonialismo impõe a sua força sobre o território moçambicano, refletindo os