Foi galardoado com os prêmios “Fialho de Almeida” dos Jogos Florais
Universitários de Coimbra (1946) e “1º Prémio de Poesia” dos Concursos Literários da
Câmara Municipal de Lourenço Marques (1953).
Cinco horas da manhã
São cinco horas da manhã
Para Maria pilando
Debaixo do cajueiro
E o noivo de Maria
Colimando a machamba
E pensando no Transval.
São cinco horas da manhã
Para uma velha negra
Abanando o fogareiro
E assando maçaroca
Milho bom! Eh! Milho bom!
Numa voz desnecessária.
São cinco horas da manhã
No bazar de piripiri
Manga, coco e mulata
E tetas nuas vertendo
Leite tão branco e puro
Como o leite secretado
Por outras tetas mais pudicas.
São cinco horas da manhã
Nas cartas por escrever
Dos chibalos sonolentos
E nas mãos que dão à terra
A semente sem passado
São cinco horas da manhã
No coração confiante
Das mulheres que pariram
E em versos de sangue e nervos
Que latejam o futuro
Num canto livre e bravio
Das aves da minha terra
São cinco horas da manhã.
Mesmo com nuvens, espessas
Toltando a luz do sol
São cinco horas da manhã.
E até no desespero
De não aceitar o dia
São cinco horas da manhã
Da manhã que irrompe
Com a alvorada ou não
Da noite de incubação.
1...,72,73,74,75,76,77,78,79,80,81 83,84,85,86,87,88,89,90,91,92,...445