“HAROLDO DE CAMPOS: CRIAÇÃO E TRANSCRIAÇÃO”
Catharine Piai de Mattos, G (UNESP/Araraquara)
Prof. Orientador: Dr. José Pedro Antunes
Haroldo de Campos iniciou sua produção poética em um período de
movimentação literária, afinal, em 1948, o grupo de literatos autonomeados de
Geração de 45 encontrava-se a frente do I Congresso Brasileiro de Poesia, onde
defendiam que o Modernismo fora ultrapassado, cabendo aos poetas novos prosseguir
o rumo que se anunciava, sem transigência com o passadismo e sem compromissos
com a Semana de Arte Moderna. Apesar disto, houve um bifurcação e muitos poetas
acabaram voltando ao Parnasianismo, chegando a serem considerados Neo-
parnasianos, pois acreditavam que os modernistas não possuíam noção de forma,
eram indisciplinados e descuidados na escrita, assumindo, portanto, um papel
conservador, ignorando o movimento vanguardista.
Em 1949, os irmãos Campos e Décio Pignatari, conhecem Oswald de Andrade,
modernista que criticava ferozmente a nostalgia e mecanização literárias demonstrada
pela Geração de 45, o que pode ter despertado ainda mais sua vontade de inovação e,
talvez, tenha aberto seus caminhos.
Um ano depois, Haroldo, ainda membro do Clube de Poesia, lançou seu
primeiro livro,
Auto do Possesso
(1950). Décio lançou, no mesmo ano
O Carrosel
e
Augusto de Campos lançou, um ano depois,
O Rei Menos o Reino
. Todas estas obras
mostravam-se inovadoras e contrárias à postura antiexprimentalista que a Geração de
45 vinha tomando. Assim, logo após estas publicações, os três desligaram-se do
Clube de Poesia, “por razões sem razão que se decifram num voluntário querer” –
como dito em sua carta de ruptura.
A partir disso, primeiramente por questões econômicas e por não estarem
ligados a nenhuma entidade, os três resolvem editar seus poemas em conjunto. Além
disso, eles percebem cada vez mais nitidez entre seus interesses e idéias, como a
próprio Augusto declara com o lançamento da primeira revista do grupo Noigandres.
Algumas das preferências que os uniu foram suas inclinações à sintaxe
subversiva e o léxico enigmático de Mallarmé, também admiravam os
Calligrammes
de Apollinaire e as metáforas dissoantes de Lorca. Além disso, o próprio nome
Noigandres
destaca as similaridades de gostos e pensamentos do grupo. Esta palavra
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