O estudo deverá basear-se não somente na leitura da fortuna crítica dos dois
poetas, mas principalmente na análise do corpus, composto por poemas tirados do livro
Clepsidra,
de Camilo Pessanha, e do livro
O medo,
de Al Berto, que reúnem a obra
completa de ambos. As análises deverão obedecer ao método que se pode depreender
das propostas analíticas de Antonio Candido, focalizadas principalmente no livro
O
estudo analítico do poema.
Textos específicos sobre a estética simbolista/decadentista,
como
O Simbolismo
, de Anna Balakian,
O Castelo de Axel
, de Edmund Wilson e
A
estética Simbolista
, de Álvaro Cardoso Gomes deverão fornecer a fundamentação
teórica necessária para as análises e a compreensão das obras focalizadas. Completando
as referências bibliográficas serão utilizados os livros de História Literária,
principalmente os que focalizam a contextualização da estética simbolista/decadentista
em Portugal, como o de J. C. Seabra Pereira. Tendo sido realizada a definição do
corpus
, já foram iniciadas as leituras dos textos acima mencionados. Paralelamente à
focalização dos textos teóricos e críticos, já foi iniciada a análise e interpretação dos
poemas selecionados, a fim de levantar subsídios para o estudo comparado. Esta
comunicação deve abordar os primeiros resultados das leituras e da análise inicial de
dois poemas.
Meu objetivo ao apresentar resultados tão parcos ainda, é justamente ouvir
opiniões, sugestões e críticas dos participantes deste simpósio, que possam enriquecer o
meu trabalho.
Discussão e resultados parciais
As raízes do movimento literário simbolista, no final do século XIX,
confundem-se com uma tendência de natureza mais cultural, definida como certo mal
estar diante do vazio de sentido do mundo e de um sentimento generalizado de
decadência da civilização burguesa. Portanto, o “mal-estar de cultura”, citado por
Álvaro Cardoso Gomes, acaba gerando duas tendências diretamente relacionadas entre
si. Uma delas é mais propriamente existencial: o Decadentismo; e outra,
especificamente literária: o Simbolismo.
Se o Decadentismo não teve “a sombra de uma doutrina”, notabilizando-se mais
por constituir um estado de espírito frente ao mundo, o Simbolismo, pelo contrário,
configura-se como um movimento em que não faltam teóricos e em que os difusos
princípios do Decadentismo tomam corpo, sob a forma de atitude passiva frente à vida e