Gonçalo exalta a produção literária de Drummond com extrema
afetividade e admiração e, pela dificuldade encontrada em definir a vida e a obra do
poeta, chega quase a idealizar sua trajetória no plano terreno:
“A grandeza de Drummond
Não sabemos descrever
Pois não existem palavras
Que venham nos socorrer
Foi grande, mas foi um grande
Que não sabemos dizer.”
(SILVA, p. 4)
A intensa admiração por Drummond contrapõe-se à imparcialidade buscada pela
imprensa brasileira, o que o distancia do gênero jornalístico. Para demonstrar que suas
impressões sobre o poeta mineiro não foram construídas apenas com base na leitura da
obra drummondiana e da matéria jornalística, Gonçalo faz questão de versejar sobre a
relação pessoal dos dois:
“Convivi anos com aquela
Fenomenal criatura,
Só não bebi poesia
Naquela vertente pura
Por não possuir leveza
Para alcançar tanta altura.”
(SILVA, p. 7)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A entrevista com Gonçalo Ferreira da Silva fez-me concluir que o
público-leitor de seus folhetos noticiosos é constituído basicamente pelos
freqüentadores da Feira de São Cristóvão, público formado principalmente por
nordestinos e seus descendentes que encontraram no Rio de Janeiro uma saída para a
pobreza e para os problemas sociais que os afligiam no Nordeste do país.
Esse público, contudo, parece não se adequar à nova realidade, talvez em
função do distanciamento cultural entre nordestinos e cariocas. Muitos nordestinos
radicados no Rio sentem-se exilados no seu próprio país. Para que haja a reconstituição
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