O feminino, como fonte do desejo, e o poeta, operando a língua de sua
subjetividade, definem-se mutuamente no jogo das imagens, que são inseridas nas
virtualidades em curso, a exemplo no poema
Estudo para uma Bailadora Andaluza
, em
Quaderna:
Subida ao dorso da dança
(vai carregada ou a carrega?)
é impossível se dizer
se é a cavaleira ou a égua.
Neste poema, um processo de fluxos se cruzam, de corpos e formas que se
definem entre si no alargamento de suas fronteiras de identidades, de seus limites
individuais.
A busca das imagens de sedução que determinam o seu lugar no mundo, ou até
mesmo a dimensão erótica que o move (em direção à mulher desejada), Cabral acaba
por flagrar forças de uma feminilidade que se apresenta como princípio ordenador do
mundo, que habita corpos, seres e coisas.
Se o feminino não se aprisiona e nem se limita à figura da mulher, a emoção
cabralina também não se apresenta isolada na interioridade do poeta, como um centro da
subjetividade.
Referencias:
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994
MELO NETO, João Cabral de.
Sevilha Andando
. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
PEREIRA, Rubens Alves.
A mulher e o mundo na poesia erótica de João Cabral de
Melo Neto
. Légua & meia: Revista de literatura e diversidade cultural. Feira de Santana:
UEFS, v. 3, nº 2, 2004, p. 235-253. Disponível em: <
-
252mulher.pdf>. Acesso em: 16 de novembro de 2011.
SALGUEIRO, Wilberth Claython Ferreira.
Cabral (se) descobre (em) Sevilha: a cidade
feita, medida
.
REEL – Revista Eletrônica de Estudos Literários,
Vitória, n. 3, 2007.
Disponível em:
. Acesso
em: 26 de outubro de 2011.
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