os jornais, por exemplo, e é por meio desses veículos que os folhetos são caracterizados
como notícia, como no fragmento abaixo:
“Às vinte e quarenta e cinco
de dezessete de agosto
do ano corrente, a morte
deixou seu macabro posto
e matou Drummond de Andrade
nos dando imenso desgosto.”
(SILVA, p. 1)
O aspecto noticioso parece se configurar na primeira estrofe do poema,
contudo, logo há uma quebra com a tradição jornalística que costuma ser mais factual e
menos emotiva. No verso “a morte deixou seu macabro posto”, o poeta emite um juízo
de valor acerca da morte e, posteriormente, expressa seu sentimento em relação ao fato
quando escreve: “nos dando imenso desgosto”, o que demonstra que o poeta procura
dividir com seus leitores imenso pesar pela morte de Drummond.
Com isso, é possível observar também que o poeta popular tece
comentários permeados por forte admiração em relação a Drummond e a distância
ocorre quase naturalmente, haja vista que ele utiliza termos como “gênio” e “mito” para
designar o poeta mineiro, como é possível observar no fragmento:
“Quando o coração do grande
gênio parou de bater
edições especiais
foram ao ar para dizer
que o maior dos maiores
acabava de morrer.”
(SILVA, p.1)
Na narrativa em versos, Gonçalo procura expressar suas impressões
sobre a obra drummondiana, contudo, o sentido afetivo não desaparece em nenhuma
estrofe e tem a sua pessoalidade confirmada, ao divulgar a convivência entre Carlos
Drummond de Andrade e Gonçalo Ferreira da Silva, por ocasião de trabalho, cujo fato
permitiu ao poeta cearense ressaltar em sua produção Drummond poeta e homem.
“Nós que trabalhamos juntos
na mesma repartição
nos estúdios fonográficos
nas salas de gravação
pude sentir a grandeza
de seu grande coração”
(SILVA, p.5)