permeiam o imaginário coletivo de seus leitores que buscam nos versos do poeta não
somente identificação com a sua terra natal, mas também a satisfação de sua
necessidade de ficção.
Para analisar a relação do público-leitor e da obra do poeta cearense
utilizei o folheto
Adeus, Drummond
para levantar questões acerca da produção do
cordelista e também das necessidades reais dos leitores do folheto.
2. DRUMMOND, GONÇALO E A POESIA POPULAR
O folheto
Adeus, Drummond
, de Gonçalo Ferreira da Silva, foi escrito
por ocasião da morte do grande poeta mineiro e é marcado por um intenso tom
saudosista e elogioso, haja vista que os dois poetas trabalharam “juntos/Na mesma
repartição/Nos estúdios fonográficos,/Nas salas de gravação...”. O poema revela
também que Gonçalo nutria uma imensa admiração pelo poeta erudito, tendo sido
considerado por ele “um maior sem igual”, “prodigiosa pena”:
“Para nós foi o maior
Da história universal
Maior que Pablo Neruda,
Que Gabriela Mistral,
Maior do que os maiores,
Foi um maior sem igual.
[...]
Se lermos Drummond de Andrade
Com alma pura e serena
Veremos grande riqueza
De imagem em cada cena
E a força interpretativa
Da prodigiosa pena.”
(SILVA, p. 2)
Enquanto Gonçalo é lido por um público mais restrito, inclusive menos
escolarizado, como é o caso dos frequentadores da Feira de São Cristóvão, Drummond é
lido pela elite intelectual brasileira. Contudo, é preciso destacar que os dois são poetas
freqüentaram a academia, o que revela uma intensa aproximação no sentido espacial,
apesar do distanciamento no sentido técnico e estilístico.
Para a construção de seus folhetos noticiosos, Gonçalo utiliza dados
concretos, geralmente difundidos pelos grandes meios oficiais de comunicação, como