aparece no “Canto XX” de Ezra Pound, poeta que os atraia por seu método
ideográfico: “Noigandres, eh, noigandres! Now what the DEFFIL can that mean!”;
Canto, inclusive, traduzido pelos irmãos Campos.
O próprio Haroldo, em um de seus livros teóricos,
Depoimentos de Oficina
(2002)
,
diz que o termo é uma expressão provençal, precedida do trovador medieval
Arnaut Daniel, onde NOI-GANDRES seria aquela flor que afasta (gandres de gandir)
o tédio (noia).
No nº1 de Noigandres, Haroldo publica o poema “Thálassa Thálassa”, onde
expõe a explosão de retorno do barroquismo, mostrando um toque épico. Seu irmão,
Augusto de Campos, dizia que Haroldo era um “concreto” barroco, trabalhando com
imagens e metáforas dispostos em blocos sonoros, exemplificando com o poema
“Ciropédia ou a Educação do Príncipe”, onde Haroldo usou palavras compostas,
procurando converter a ideia em ideogramas verbais de som. Assim, o próprio
Haroldo considerava ter uma nota barroquizante em sua poesia concreta.
No nº3 de Noigandres, o poeta Ronaldo Azeredo uniu-se ao trio. Nesse
momento, por causa dos questionamentos insistentes, o grupo resolveu explicar-se
quanto ao nome. Com a explosão de suas poesias-objeto pelo mundo, no terceiro
número da revista, o grupo passou a declarar Noigandres como sinônimo de poesia
concreta, movimento que valorizava mais os aspectos gráfico-visuais, deixando de
lado a subjetividade do poema. O estouro da poesia concreta dá-se em concomitância
com a “Exposição Nacional de Arte Concreta”, onde há, além do grupo Noigandres,
outros poetas, pintores e escultores.
Ainda no nº 3 de Noigandres, Haroldo publica “O â mago do ô mega”, uma
série de poemas em branco sobre fundo preto, revertendo-os ao céu noturno,
salpicado de estrelas-palavras, de Viera, tendo a página branca de Mallarmé. “Céu
noturno, branco ao contrário”, como Haroldo diz em
Depoimentos de Oficina
,
ressaltando seu estilo com toque de barroquismo
.
. É a partir desta utilização da estética neobarroca que surge o nome da
antologia poética de Haroldo,
Xadrez de Estrelas: Percurso Textual
(1949-1974), pois
ele utiliza-se de uma citação de Padre Antônio Viera, sendo: “Não fez Deus o céu
como xadrez de estrelas [...] Aprendamos do céu o estilo da disposição e também o
das palavras.”. Livro este que, segundo Haroldo, reúne os poemas que representam a
fase “geométrica”, onde estes eram reduzidos a uma expressão voluntariamente
elemental, algo que mais tarde ficou conhecido como “minimalismo” na música e na