sentimentos e as sensações deste emaranhado de percepções desenvolvidas destro deste
grande mosaico de múltiplas sensibilidades.
Portanto, por meio da análise poética do poema
Cinco horas da manhã
, do
escritor moçambicano Orlando Mendes, será observado como o trabalho estético e
ideológico do autor irá comportar-se dentro deste contexto colonial e, também, como a
literatura irá responder a estes impasses políticos e sociais em sua nação, ou mesmo até
que ponto nação e poesia terão os seus limites cruzados no embate contra o colonizador
por meio da luta literária.
A poética de Orlando Mendes:
a sondagem do texto é uma aproximação incessante no encalço de um
quid que tende a distanciar-se à medida que se lhe penetra a
intimidade, e na razão direta da complexidade e densidade de seu
conteúdo. A análise, por isso, consiste num esforço de apreensão e não
numa técnica infalível de sondar o interior da matéria poética.
(MASSAUD, 1972, p.42)
Orlando Marques de Almeida Mendes
nasceu a 4 de Agosto de 1916, na Ilha de
Moçambique e morreu no dia 13 de Janeiro de 1990, em Maputo. Em Lourenço
Marques concluiu o sétimo ano do liceu. Foi funcionário dos Serviços de Fazenda até
1944, ano em que seguiu para Portugal onde, sendo estudante-trabalhador, obteve a
Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de
Coimbra. Após a licenciatura, foi assistente de botânica da mesma faculdade. De
regresso a Moçambique, em 1951, passou a exercer a profissão de fitopatologista. Foi
investigador de medicina tradicional no Ministério da Saúde de Moçambique. O início
da atividade literária de Orlando Mendes remonta aos anos férteis do Neorrealismo.
Apontado justamente por Rui Knopfli como a “voz insólita” que se erguia contra uma
poesia que após a morte de Rui de Noronha tinha o exótico por paradigma, é de todos os
moçambicanos aquele em cuja obra é visível um percurso pacientemente construído,
marcado por elementos que ao longo do tempo se foram entrosando na construção de
um espaço moçambicano de expressão. Está representado em várias antologias de
poesia e prosa de Moçambique.
1...,71,72,73,74,75,76,77,78,79,80 82,83,84,85,86,87,88,89,90,91,...445