opõe acentuadamente. O nome-adjetivo
“espessas”
une-se a
“nuvens”
, criando uma
imagem densa, como se a nuvem estivesse pesada, carregada, prestes a chover; ou seja,
a derramar-se sobre a terra, adicionando-se a ideia anterior do verso
“parir em versos de
sangue”.
O verbo seguinte,
“toldando”,
proporciona uma imagem de proteção,
reforçando a imagem anterior que se refere ao clima instável, nublado; já a imagem
seguinte, se opõe à claridade da luz solar que, entre nuvens espessas, fica no limite do
nascer do dia e o fim da madrugada.
A oitava estrofe, composta por seis versos, reforçada pelo advérbio
“até”
em
seu primeiro verso, consta a dificuldade da transição e aceitação do dia para uma manhã
que irá romper ou não da noite em incubação. A imagem do dia, novamente, vem com o
desespero da noite sofrida, angustiante e instável. O verbo de ação
“irrompe”
, revela a
violência e o ímpeto da manhã que está por vir, contudo, esta
“alvorada”
, a primeira
manhã, pode vir ou não da noite de encubação. Este vocábulo,
“encubação”,
formado
por uma locução adjetiva agregada ao vocábulo
“noite”
, exprime uma ação que se
movimenta e se elabora à surdina, antes de assumir, portanto, a sua existência efetiva.
Por fim, na nona e última estrofe, o refrão volta a soar no primeiro verso,
destacando duas cidades de Maputo, Rovuma e Ponta de Ouro. Estas cidades estão
localizadas nas áreas litorâneas do país, locais em que a colonização instalou-se
primeiramente.
O verbo
“ser”,
conjugado na terceira pessoa do plural no poema,
repete-se,
ainda, três vezes nesta estrofe, fixando a instabilidade e certa falta de ação do estado
poético novamente, uma vez que, assim como o verbo, a situação do país, mesmo com a
independência e as mobilizações em prol da nação prestes a ocorrer – em estágio de
efervescência -, ainda encontrava-se num estado de incertezas, de transição; por isso,
possivelmente que o autor-criador usa com certa demasia a relação dicotômica entre
claro e escuro ao longo do poema. Porém, como uma circunferência, primeiro e último
versos se encontram nas
cinco horas que sabem que são,
fechando e, ao mesmo tempo,
iniciando um novo ciclo entre o estado poético e a sua nação.
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