2010, p. 8). Dessa paixão pela escrita, subjetivamente aleatória e ainda não poética, vem
o contato com a poesia de Carlos Drummond de Andrade, por meio de um disco com as
poesias recitadas do autor, que o pai de A.F.F. lhe deu de presente em seu aniversário de
quinze anos, e desse contato inicia-se a escrita poética de Armando Freitas Filho.
Portanto, Drummond, a figura mais emblemáticas da poesia referenciada na
Semana de 22, foi o primeiro contato de A.F.F. com o universo literário da poesia, e
parece não a ter deixado jamais. E é também dessa mesma influência inicial que se
advém as contradições e dilemas que circundam, e mesmo, constituem a arte poética de
A.F.F., conduzindo sua poesia sobre um olhar para uma tradição por ele selecionada, e
dela partindo para uma invenção singular e complexa. È complexa por ser altamente
referenciável, de Drummond à Ana C, e, entre eles, tantos outros à se constatar.
Assim se constitui a figura do eu lírico revisor de A.F.F., que inicialmente veio
para ser diverso, mas traçou um caminho singular e atípico ao que lhe constituía como
referência. E este não foi indiferente a sua angústia de influência. Enfim, a invenção
poética que marca a singularidade de Armando Freitas Filho frente a essa condição de
dualidades em sua escrita, acredita-se, tenta irromper em representações próprias,
subjetivas, mas conscientes de suas referências basilares, que vão marcando a
singularidade literária e poética desse autor no reconhecer e negar vozes e influências de
sua poesia, e no olhar para si mesmo em plena criação poética.
Referências
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O cacto e as ruínas
. 2ª ed. São Paulo: Editora 34/Duas Cidades,
2000.
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A angústia da influência
. Trad. Miguel Tamen. Cotovia, Lisboa,
1991.
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CAMILO, Vagner. Lar, a autobiografia de uma poética.
In:
FREITAS FILHO,
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. São Paulo: Companhia das letras, 2009. p. 9-15.
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