criativa e das condições de proximidade com as diversas perspectivas literárias que lhe
contemporaneizam. Portanto, desde o início de sua escrita, para A.F.F. poesia é verso.
No entanto, nesse período de exercício o poeta ainda não mostra a consciência sobre o
fazer poético em sua poesia.
Como assinala Viviana Bosi (2003),
Numeral/Nominal
dá configuração para
“[...] a história anterior, tornando compreensíveis os contrastes urdidos e alinhavados ao
longo de sua escrita” (BOSI, 2003, p. 5). A história anterior que
Numeral/Nominal
configura é a história toda da poesia de A.F.F. nos seus quarenta anos de publicação.
Este livro, indissociável de
Máquina de escrever
, portanto, situa-se em grau de grande
importância para a leitura da poesia do autor dentro do contexto de uma obra reunida,
mas que é dividida, por sua vez, em vários livros de poesia, que por si só também
formam obras completas, como assinala Eduardo Losso,
Máquina de Escrever
é um livro-máquina cujas peças são feitas de outros
livros (cada qual, uma máquina feita de poemas-peças), e não existe por si
mesmo, não possui
ser-em-si
, somente
ser-para-os-outros
; ela é a soma de
suas partes e nada além de suas partes, é uma máquina que só funciona pela
existência independente de quase todas as peças. (LOSSO, 2003, p. 251).
Assim, temos uma trama de reelaborações exposta a partir desse momento da
poesia de A.F.F., e por isso o eu lírico se torna um “reescritor”. E mais, em
Numeral/Nominal
números e nomes são os índices que configuram metaforicamente
períodos e referências. Mas o sentido de uma máquina de escrever que este livro
representa, parece insinuar um pouco mais que isso, como afirma Mario Alex Rosa,
“Máquina de escrever”? O sentido pode ser tanto a máquina, a ferramenta de
trabalho, portanto, uma máquina de escrever, como também o homem que
ali se debruça sobre o seu fazer. A metonímia aqui se mescla, para lembrar
que as partes estão no todo, e o todo nas partes. Portanto, máquina e homem,
ao que parece, se fundem (ROSA, 2009, p. 9-10).
Portanto,
Numeral/Nominal
nos parece abrir novas possibilidades de
compreender o trabalho e universo poético de Armando Freitas Filho, pois como
assinala Eduardo Losso,
O livro
Numeral/ Nominal
, que abre o
Máquina de escrever
, ocupa um lugar
extremamente próximo, familiar e estranho em relação ao todo. É o único
livro que não possui existência isolada da obra, é um apêndice da obra que
abre as suas portas, é o último livro no início do livro da poesia reunida,
enfim, é um livro apêndice dentro do livro reunião. [...] É também o último
livro produzido, mas o primeiro a ser lido no
Máquina de escrever
. Essa
confusão de tempo/espaço e pertença/destaque dentro da poesia reunida
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