Nessa perspectiva, lemos a poesia de A.F.F. não visando a formação da poesia
do autor
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, mas a condição de reescrita de sua poesia, que se inicia na coletânea de
poemas
Numeral/Nominal
(2003d), e se estende para a coletânea
Raro mar
(2006), por
acreditarmos que nesse momento há uma melhor abertura das temáticas de influências e
negações em A.F.F.
Pretendemos cumprir, dessa forma, o papel que a crítica literária representa a
partir do século XX, que é o de ler criativamente a literatura, com intuito não de
delimitá-la em algum discurso exclusivo, mas no intuito eminente de oferecer
possibilidades de leitura e contribuir para seu enriquecimento. Este é um dos papéis da
crítica nos dia de hoje e, portanto, justificativa para realização deste trabalho sobre a
poesia de Armando Freitas Filho, um poeta singular que, para nosso deleite, empreende
iniciar a vida de sua poesia aos quarenta!
A vida não começa aos quarenta. A vida de uma
poesia, porém, pode ter esta pretensão e tentar a
peripécia. (FREITAS FILHO, 2003e).
A obra poética de Armando Freitas Filho (1940 –), que já beira o cinqüentenário,
a completar-se em 2013, tem como marca fundamental de criação a metalinguagem de
uma poesia que se debruça sobre si mesma, e que, para melhor compreensão, dividimos
em cinco fases de elaboração até os dias de hoje: 1) Fase de exercício: do livro
Palavra
(1963) a
Marca Registrada
(1970); 2) Fase de Transição: os livro
De corpo presente
(1975) e
À mão livre
(1979); 3) Fase de Consolidação: do livro
Longa vida
(1982) à
Fio
terra
(2000); 4) Fase de Retomada: os livros
Numeral/Nominal
(2003) e
Raro mar
(2006); e 5) Desfecho: com o livro
Lar,
(2009).
No entanto, o auge da peculiaridade meta poética de A.F.F. se inicia com a
reunião de quarenta anos de sua poesia, na coletânea
Máquina de escrever
. O grande
lance dessa reunião é que, além de reunir doze livros de poesia, o autor adiciona uma
coletânea inédita no interior da reunião, que é
Numeral/Nominal
. Segundo Eduardo
Losso,
Numeral/Nominal
, além de abrir
Máquina de escrever
com uma novidade
dependente materialmente da obra anterior, reproduz em sua própria divisão
interna a série de livros e poemas organizados sequencialmente (Numeral) e
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A dissertação supracitada sobre a poesia de Armando Freitas Filho apresenta um estudo expandido sobre
a formação da poesia do autor com base em recortes dos momentos julgados mais marcantes em sua obra
poética. No entanto, o trabalho ainda não foi publicado.
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