É nesse sentido que a literatura é um ato social. Além do mais, as expressões contidas
nos textos literários são, antes de virar arte, impressões tidas por alguém (que se torna autor)
de um momento vivido em determinada sociedade e cultura.
Partindo desse pressuposto, podemos dizer que o letramento literário diz respeito ao
processo de humanização que ocorre por meio da compreensão do texto literário, de modo a
relacioná-lo com o mundo, que é cheio de emoções e sentidos. Para Cosson (2011, p. 29), “ao
professor cabe criar as condições para que o encontro do aluno com a literatura seja uma
busca plena de sentido para o texto literário, para o próprio aluno e para a sociedade em que
todos estão inseridos”.
E se o letramento tem relação com as práticas sociais, ele “trabalhará sempre com o
atual, seja ele contemporâneo ou não. É essa atualidade que gera a facilidade e o interesse de
leitura dos alunos”. (COSSON; p. 2011, p. 34)
3.1 As sequências de Cosson para o letramento literário
Como dito anteriormente, Cosson (2011) se preocupa em articular os pressupostos
teóricos que apresenta para torná-los presentes na escola. Para tanto, o autor apresenta duas
possibilidades concretas de organização das atividades de leitura literária, as quais ele chama
de “sequência”: uma
sequência básica
e outra
expandida
. Em ambas as sequências há
alternância entre atividades de leitura e escrita, além de atividades lúdicas ou associadas à
criatividade. Enquanto a
sequência básica
é adequada para toda e qualquer série escolar, a
expandida
não visa somente à aprendizagem da literatura, portanto mais adequada para séries
mais avançadas, pois também conta com atividades que têm como centralidade o ensino e
aprendizagem
sobre
a literatura. Por essa razão, a sequência expandida é apropriada para o
ensino médio.
Assim, explicitaremos o funcionamento apenas da sequência básica, a qual é
constituída por quatro passos:
motivação
,
introdução
,
leitura
e
interpretação
.
De acordo com Cosson (2011, p. 54), “a leitura demanda uma preparação, uma
antecipação, cujos mecanismos passam despercebidos porque nos parecem muito naturais”.
Nesse estágio de
motivação
, o autor propõe que sejam desenvolvidas atividades em que os
alunos interajam de modo criativo com as palavras, criando situações lúdicas em que haja a
necessidade de imaginar uma solução para um problema ou de prever determinada ação. Para
o autor, esse faz-de-conta faz com que os alunos se conectem “diretamente com o mundo da
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