As poesias do livro falam da magia dos objetos da infância, tornando a partir da
linguagem figurativas reais as fantasias desta fase. Os versos obedecem à composição da
poesia moderna, sendo todos livres, sem uma métrica especifica.
Outro aspecto do livro que merece atenção é a ilustração de Laurabeatriz (2011). Os
desenhos possuem cores impactantes e atraentes para as crianças. Segundo uma pesquisa de
Witter e Ramos (2008, p. 45), o livro colorido é atraente e geralmente o preferido pelas
crianças pré-escolares. Segundo dados da pesquisa, uma “
boa associação das cores serve como
estímulo para a criança no que diz respeito à leitura”.
Na concepção de Camargo (1999, s.p
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.), a ilustração possui um papel fundamental
dentro do texto, pois para muito além da ornamentação ou mesmo a elucidação do leitor, a
ilustração “pode, assim, representar, descrever, narrar, simbolizar, expressar, brincar,
persuadir, normatizar, pontuar, além de enfatizar sua própria configuração, chamar atenção
para o seu suporte ou para a linguagem visual”.
Diante desses argumentos podemos concluir que a ilustração atua como um
complemento não verbal da poesia, possibilitando ao leitor a ampliação de sua compreensão e
a construção de uma interpretação completa.
Já na capa do livro o leitor recebe uma prévia de seu conteúdo interno. Uma criança
deitada, sonhando, com expressão feliz, está ao centro da página sobre uma pequena ilha e ao
seu redor estão dispostos diversos personagens, tais como, um nativo com máscara e
segurando utensílios de cozinha, um leão personificado, com coroa e roupa está na horizontal
ocupando um espaço considerável, enquanto um pelicano e um quadrúpede lilás flutuam
juntamente com folhas de palmeira, dando um movimento a imagem.
Camargo (1999) afirma que o ilustrador precisa compreender que a ilustração não é
uma paráfrase ou resumo do texto, mas sim o seu acompanhamento. Neste sentido, a
ilustração de Laurabeatriz (2011) atua de forma coerente, complementando o sentido da
poesia de Lalau. No decorrer do texto esta dinâmica de imagens sempre soltas flutuando ao
redor das poesias se repete, assim como a personificação de diversos animais e a criação de
peixes e cachorros com asas, criando um ambiente propício ao desenrolar da imaginação
infantil.
Segundo Nannini (2007, p.45), “a ilustração pode introduzir elementos novos que não
fazem parte do texto escrito ou que tornam mais claros elementos de inferência que apenas a
leitura pela criança não poderia completar”. Neste sentido, podemos concluir que as
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Sem registro de página.