processo que envolve percepção, processamento, memória, inferência, dedução”. Portanto,
não temos como classificar o ato de ler como algo simples.
Bamberger (1991) postula que para o sujeito gostar de ler, é necessário que ele
compreenda e domine os mecanismos da arte de ler. Neste sentido, Cosson (2009) afirma que
não se forma um leitor apenas com decodificação ou leitura de textos literários. Durante o
processo de formação do leitor é necessário que seja desenvolvido junto à criança um trabalho
pedagógico que auxilie na compreensão textual a partir de diversos pontos de vista.
No que diz respeito à leitura do texto literário, Maria Helena Martins (1984), em
O
que é leitura
, apresenta três níveis de leitura:
leitura sensorial
,
leitura emocional
e
leitura
racional
, explicando que a leitura sensorial começa
[...] muito cedo e nos acompanha por toda a vida. Não importa se mais ou menos
minuciosa e simultânea à leitura emocional e racional. Embora a aparente gratuidade
de seu aspecto lúdico, o jogo com e das imagens e cores, dos materiais, dos sons,
dos cheiros e dos gestos incita o prazer, a busca do que agrada e a descoberta e
rejeição do desagradável aos sentidos. E através dessa leitura vamo-nos revelando
também para nós mesmos. (MARTINS; 1994, p.41)
Portanto, a leitura sensorial, é a leitura por meio dos sentidos: da visão, do tato, do
olfato, da audição e do paladar. Ocorre quando tocamos o livro, ouvimos o barulho das folhas,
sentimos o cheio, vemos as figuras, as cores, o tamanho das letras; sentimos os gostos.
O nível emocional, como o próprio nome sugere, diz respeito às emoções. Essa leitura
acontece quando o leitor rejeita ou identifica-se com personagens; quando ele cria situações
imaginárias de como agir em determinados momentos se fosse a personagem da história. Diz
respeito, pois, a uma participação empática e afetiva numa realidade alheia. É a leitura
prazerosa; a viagem no universo da ficção que (quase) se torna em uma realidade
momentânea. (MARTINS; 1994).
Notamos que tanto o nível sensorial quanto o emocional não condizem com a
concepção apresentada inicialmente, segundo a qual a leitura é processo de compreensão de
textos dentro de um contexto de produção, ou seja, leva em conta aspectos políticos e
socioculturais. Esse tipo de leitura é classificado por Martins (1994) como “leitura racional”,
explicando que
A leitura racional acrescenta à sensorial e à emocional o fato de estabelecer uma
ponte entre o leitor e o conhecimento, a reflexão, a reordenação do mundo objetivo,
possibilitando-lhe, no ato de ler, atribuir significado ao texto e questionar tanto a
própria individualidade como o universo das relações sociais. E ela não é importante
por ser racional, mas por aquilo que seu processo permite, alargando os horizontes
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