disso, com base em referenciais teóricos sobre leitura, literatura e ensino de literatura, o
trabalho conta com uma análise dos aspectos estéticos dos poemas presentes no livro que
podem atrair a atenção da criança.
Portanto, ao receber o livro na escola, o professor poderá fazer uso deste artigo como
material de pesquisa para elaborar suas atividades práticas no cotidiano da sala de aula,
contribuindo para a formação do sujeito leitor.
1. O QUE LEVAR PARA UMA ILHA DESERTA? ANÁLISE DOS ASPECTOS
ESTÉTICOS DO LIVRO
O livro é composto por uma antologia poética no qual a temática principal, segundo o
próprio autor Lalau, são as escolhas que as crianças em fase de formação devem aprender a
fazer. Em sua forma o livro é composto por dez poesias, todas relacionadas ao tema central
da obra, ou seja, o leitor deve refletir sobre o que o autor levaria e o que ele próprio desejaria
levar para uma ilha deserta.
O poeta Lalau (2011) apresenta as poesias com versos e rimas simples que, no entanto,
são compostas por uma forte sonoridade. Segundo Martins (2008, p.45), os sons constituem
parte importante da linguagem poética, pois “podem provocar-nos uma sensação de agrado ou
desagrado e ainda sugerir idéias, impressões”. Portanto, vemos que desenvolver a sonoridade
foi uma preocupação do autor. A autora supracitada utiliza ainda a teoria de Bally para
justificar que possa existir uma “fonologia expressiva”, ou seja, “há uma correspondência
entre os sentimentos e os efeitos sensoriais produzidos pela linguagem” (p.46).
Aguiar (2001) alerta que para escrever poesia para crianças, o autor precisa estar
atento a alguns detalhes cruciais para que os indivíduos possam se interessar por sua
composição. Os principais elementos para uma poesia, segundo a autora supracitada, são o
ritmo, o uso de imagens simples e estrofes e versos curtos. Baseados na concepção de
composição de poesia infantil apresentada por Aguiar (2001), podemos afirmar que Lalau
(2011) atende em usa obra todos esses requisitos.
Uma problemática que foi bem resolvida por Lalau (2011) é o trabalho com a matéria
fônica presente nos poemas. De acordo com Martins (2008), não basta que o poeta encontre
sons próximos, é necessário que se encontre a métrica entre os significados e os significantes
para que o texto possua sentido. Quando o poeta não consegue realizar corretamente esta
associação sonora e signica ocorre à arbitrariedade do signo.