gestos etc. Em outros termos, ler significa compreender o outro e o mundo por meio de um
processo de interação entre leitor e seu interlocutor.
Koch e Elias (2006) e Aguiar (2004) afirmam que ao ler o indivíduo constrói
associações mentais nas quais relaciona o que esta sendo apreendido com conhecimentos
anteriores sobre determinado tema, sendo assim, ocorre um confronto entre idéias antigas e
novas que irá gerar novos conhecimentos.
Freire (1989) afirma que a leitura de mundo do indivíduo transcende esta leitura da
palavra, ou seja, primeiro ocorre à leitura do universo que o circunda. Aguiar (2004, p. 61-
62), diante desta concepção freiriana de leitura, afirma que: “esporte, vestuário, cinema,
televisão, rádio, artesanato, cozinha, jornal, fala, literatura e todas as outras manifestações
culturais partilham da qualidade de textos”.
A esse respeito, Marcuschi (2008, p. 233) afirma que “para compreender bem um
texto, tem-se que sair dele, pois o texto sempre monitora o seu leitor para além de si próprio e
esse é um aspecto notável quanto à produção de sentidos”. Diniz (2008) denomina de
“aprendizagem significativa” o processo de relacionar o ‘novo’ com o conhecimento prévio.
Neste sentido, Aguiar (2004, p.62) conclui que “[...] ler é compreender, assimilar e
responder ao assunto lido, isto é, interagir com o texto e aplicar os conhecimento adquiridos
em novas situações”. Para Bamberger (1991), o leitor eficiente é aquele que consegue
transpor a barreira da conversão dos sons em palavras, pois todo ato de ler é composto por um
delicado e complexo sistema de apreensão de ideias do texto.
De acordo com Cosson (2011, p.27), o ato de ler está diretamente relacionado com a
“troca de sentidos não só entre o escritor e o leitor, mas também com a sociedade onde ambos
estão localizados. (...) Ao ler estou abrindo uma porta entre o meu mundo e o mundo do
outro”. Logo, somente o processo de alfabetização não basta para formar o leitor, é necessário
que ocorra o que o autor supracitado denomina processo de “letramento literário”.
O processo de ler, de acordo com Bamberger (1991), não pode ser chamado de
simples, pois envolve uma série de atividades do indivíduo que começa com a aprendizagem
dos códigos linguísticos, em seguida, é necessária uma atribuição de sentidos aos signos.
Neste sentido, o autor conclui que se a criança não conseguir realizar corretamente esta
decifração e aferir sentido aos signos, a leitura não será prazerosa, pois se desperdiçará tempo
na decodificação e não ocorrerá a compreensão.
Kleiman (1989, p.28) confirma a colocação de Bamberger (1991) ao defender que “a
leitura é uma atividade cognitiva, tem caráter multifacetado, multidimensionado, sendo um