CECÍLIA MEIRELES E MANUEL BANDEIRA ENTRE A VIDA E A MORTE:
UMA LEITURA COMPARATIVA DE “OS TRÊS BOIS” E “BOI MORTO”
Gisele Pereira de Oliveira (Doutoranda em Letras)
UNESP/Assis
FAPESP
RESUMO:
Cecília Meireles e Manuel Bandeira não só são contemporâneos como
compartilham motivos em suas poesias (seja a presença do cotidiano, ou a impossibilidade
existencial, as reminiscências da infância, a preocupação com a morte, a contemplação do
contingente, do detalhe, do inesperado, entre outros) e uma diversidade formal conjugada à
experimentação linguística, tão caras ao movimento modernista. Dentre os temas recorrentes em
suas produções poéticas, destacamos aqui o tema “entre a vida e a morte”, ou seja, ambos
apresentam diversos poemas que tratam do tema da morte e, concomitantemente, uma visão da
vida. Especificamente, fazemos uma leitura comparativa do poema ceciliano “Os três bois” e o
bandeireano “Boi morto”, em uma tentativa de aferir acerca da visão da vida e da morte na
poesia dessas duas personalidades significantemente modernistas.
PALAVRAS-CHAVE
: Cecília Meireles; Manuel Bandeira; poesia; morte; modernismo.
Dois grandes nomes no modernismo brasileiro e da voz lírica em língua
portuguesa, Cecília Meireles e Manuel Bandeira não só são contemporâneos como
compartilham motivos recorrentes em seus poemas (seja a presença do cotidiano, a
impossibilidade existencial, as reminiscências da infância, a preocupação com a morte,
a contemplação para o inventário do material lírico, o detalhe, o inesperado, entre
outros). Além disso, adotam uma diversidade formal conjugada à experimentação
linguística − tão caras ao movimento modernista.
Dentre os temas reiterados em suas produções poéticas, nos voltamos aqui ao
que se encontra entre a vida e a morte, ou seja, ambos apresentam diversos poemas que
tratam do tema da morte e apresentam, concomitantemente, uma visão da vida.
Por um lado, Cecília escreveu diversos poemas sobre o tema funesto, tais como
“Máquina Breve”, “Elegia a uma pequena borboleta”, “O cavalo morto”, “O afogado”,
“Lamento da mãe órfã”, “Lamento do oficial por seu cavalo morto”, entre outros. Por
outro lado, Manuel Bandeira escreveu “Momento num café”, “Morte absoluta”, “O
homem e a morte”, “Preparação para a morte”, “Programa para depois da minha morte”,
“Consoada”, “Canção para minha morte”, “Testamento”, “A Mário de Andrade
ausente”, etc.
Ademais, ambos o poeta e a poetisa compartilharam certa familiaridade com a
morte: Manuel Bandeira perdeu os pais e a irmã para a “indesejada das gentes” e, ao ser
acometido pela tuberculose aos dezoito anos, teve uma vida à sombra da expectativa da