Posillipo, como uma oleogravura, lhe permitia sonhar junto com aqueles barcos e ser
como aquele lugar, entreposto entre Oriente e Ocidente. Se visualizássemos o poema
como um quadro – que parece ser a intenção da poetisa - teríamos então a perspectiva
do objeto – no caso a cena – com dois “pontos de fuga” convergentes, um voltado para
o almoço no Ciro e outro, que se dirigia para longe, ultrapassando as linhas do quadro e
do poema e remetendo ao mar e à viagem proporcionada pela mesma baía do Golfo de
Posillipo; um quadro dentro do quadro, um sonho dentro da realidade. Do mesmo
modo, ressalta o contraste entre a cena feliz de comida e de cantoria e melancolia
embalada pelos versos de Nerval.
Considerações finais
A cena da refeição em Nápoles é o primeiro plano da “oleogravura” pintada por
Cecília. Quando se atenta para os pequenos detalhes, cada pincelada sugere outras
relações e mostra nuances que ficam mais claras quando consideramos as crônicas da
autora sobre o período. Só assim se descobrem as possíveis referências a autores como
Nerval e se entende o quanto essas informações ampliam o horizonte de leitura do
“quadro”. Ao mostrar o Posillipo, Cecília nos proporciona outras viagens com as
lembranças de tantos autores, e revela, ao mesmo tempo, a viagem que faz dentro de si
mesma, seus pensamentos e desejos mais profundos.
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