Brasileiro” (1955) –, mas só o último relacionado diretamente à viagem. Cecília, ao que
parece, pretendia publicar um volume dos poemas sobre a viagem à Itália
separadamente e, inclusive, deixou ao marido a ordem que desejaria que fossem
colocados os 46 poemas. Já nas edições posteriores à de Bizzarri não aparecem os
poemas “Romance de Santa Cecília” e “Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro”, mas
“Voto” é incluído (são 45 poemas).
Na edição de 68 a maior parte dos poemas reunidos tem data e lugar em que
foram escritos, bem como Bizzarri dispõe as crônicas que poderiam referir-se aos
poemas com as datas de publicação no
Diário de Notícias
do Rio de Janeiro. Os poemas
não necessitam, sem dúvida, do auxílio das crônicas. Os caminhos percorridos pela
poetisa nos poemas permitem uma viagem lírica completa, onde coisas e lugares deixam
a dimensão circunscrita e passam à dimensão universal. Contudo, ao ler os poemas
atentamente e depois as crônicas (ou vice-versa), não podemos ficar indiferentes ao
diálogo que acontece entre os gêneros. As crônicas concernentes àquele período da
viagem à Europa esclarecem ou acrescentam sentidos que, talvez, pudessem ficar
obscurecidos pelas palavras condensadas dos poemas.
Importante lembrarmos que, depois de Bizzarri, vários poemas (12) de
Poemas
Italianos
foram traduzidos por Mercedes La Valle, e publicados em
Nostalgie Romane:
saudades romanas
(1990). Nesta obra, Mercedes, como cicerone e amiga de Cecília,
traça os “Itinerari Romane” e traz textos sobre a estadia da poetisa na Itália. Além disso
traz sete das crônicas cecilianas que se referem a essa viagem traduzidas também para o
italiano
.
Mais recentemente (2007) Mirella Abriani em
Donna allo specchio
, traduz dois
poemas sobre a Itália (“Roma” e “Pintura de Veneza”), que merecem ser considerados,
já que se trata de tradutora não ligada, ao menos cronologicamente, a Cecília Meireles,
como os dois anteriores.
Vejamos, sucintamente, um exemplo de como se daria a leitura de um poema
unindo as informações da poesia, das crônicas e da tradução feita por Bizzarri. Tratemos
do poema “Oleogravura napolitana” (“Oleografia napoletana” na tradução) como ponto
de partida para algumas discussões:
“Oleogravura napolitana” - considerações
Tão gorda que era, a cantora,
que entre mil aplausos veio!
Mas era bela, a cantiga,
levantada entre os seus olhos