Na balada
da casa da macaca
a jararaca ataca de faca,
rasga a casaca da arara.
Na farra,
paca, vaca, pata e gata,
– nada de armas e casacas –
dançam valsas, sambam valsas
na varanda da barraca.
(QUEIRÓS, 2009, p. 8).
Ao lado dos versos, na página 9, as palavras “aquário”, “avestruz” e “ânfora”são
seguidas por suas devidas ilustrações. E como o título esclarece, os versos e as palavras
vão de A até Z.
Retomando os textos líricos de Queirós, temos outra criação escrita em prosa
poética,
Coração não toma sol
, de 1986. O livro está dividido em quatorze partes,
enumeradas em algarismos romanos. Para explicar sobre esta obra, citaremos a poetiza
Henriqueta Lisboa, responsável pelo texto da quarta capa:
Este seu novo livro Coração não toma sol (porém sim amor), comprova e
documenta sua íntima força lírica, seu infalível bom gosto e sua original
capacidade inventiva, em estilo que se distingue pela singeleza. Tal poema,
pela mesma autenticidade e espontaneidade, não possui destinatário. É como
o azul do céu, propício a todos. Tem o dom de atrair a criança pela graça
ingênua da narrativa; e o adulto afeiçoado à naturalidade das origens, pelo
que oferece de transparente.
[...]
Com moderação e segurança, o ritmo participa fundamentalmente desse
processo criador. O enredo, mais do que tênue, pleno de sugestões e não de
peripécias fantasiosas, flui pelas entrelinhas em atmosfera de penumbra, aqui
e ali pontilhada de rápidas lucilações, entre uma lâmpada que se acende e o
mistério que se protege.
Dessa forma, o leitor é conduzido a um estado de espírito que será, para a
criança um toque de alvorecer; e para o adulto, uma aura de serena
meditação.
(LISBOA, 1981)
Destoando um pouco dos poemas, mas também incluído nesta categoria, temos
Cavaleiros das sete luas
(1985). Trata-se de poema narrativo, escrito em verso e com
excelente qualidade estética. Com ilustrações de Paulo Bernardo Ferreira Vaz, “saga”
de cavaleiros e uma aventura para o leitor que se debruça sobre ela. Vera Maria
Tietzmann Silva (1995), afirma: [...]
Cavaleiros das sete luas
é um texto que se
organiza privilegiando a forma circular, o que se manifesta, por exemplo, na
circularidade da imagem da lua, reiterada no texto verbal e no projeto gráfico à
exaustão. (SILVA, 1995, p. 77).