Nas obras de Bartolomeu Campos de Queirós, alguns temas são correntes.
Alguns livros abordam temáticas comuns. É o caso, por exemplo, de
Escritura
(1990).
Nesta produção poética, temos a presença do tema religioso, uma releitura do
nascimento de Jesus Cristo. Assunto que também encontramos em livros narrativos,
como
Menino inteiro
(2008) e
O livro de Ana
(2009).
A natureza é outro assunto encontrado tanto em suas obras poéticas como em
trabalhos narrativos. Explicita ou implicitamente, os elementos da natureza se
encontram em livros como
O peixe e o pássaro
(1971),
Pedro
(1973),
Raul
(1978),
Mário
(1983),
Ah! mar
... (1985),
Minerações
(1991),
Rosa dos ventos
(2000) e
Flora
(2001). Neste último, em especial, a natureza é narrada com toda a sua força e o seu
mistério:
Flora sentia desejo de aventurar-se a cantar. Mas seu ouvido – atento aos
segredos – preferia apreciar os recados contínuos de todos os filhos
homenageados a terra-mãe com voos, trinados e danças. Por ser assim, Flora
convertia seu impulso de cantar em caladas orações vestidas de sussurros e
arcanjos.
(QUEIRÓS, 2004, p. 33).
Ah! Mar...
(1985) também se utiliza dos elementos presentes na natureza e faz
uma descrição poética de um homem morador da montanha e que apaixonado pelo mar,
muda-se para perto de seu amado. No entanto, como é próprio de Queirós, a poesia está
permeada de com elementos fantásticos. Mais um texto difícil de classificar entre
poesia ou narrativa, pela presença da prosa poética de Bartolomeu Campos de Queirós:
Eu queria ser marinheiro, amparado no colo das águas. Mas deixaram-me
as montanhas, onde antes estava o mar.
Minha mãe costurou meu desejo em fantasia de carnaval. E eu, menino
marujo, vestido de branco e âncoras, pés trincados de poeira, pensava ser
tudo engano. Ser marinheiro é ter leme, barco, mar e mais um transitório
caminho tracejado no coração.
Meu pai trouxe uma fotografia dizendo-me retrato do mar. Mas junto não
veio o vento, nem o cheiro, menos ainda o canto.
Não podiam ser o meu mar as águas aprisionadas em quadrado de papel.
O mar do meu marinheiro era solto, além do horizonte, não suportava
cadeias.
Eu não conhecia o amado, mas sabia a quem amava.
(QUEIRÓS,
1985, p. 11).
Em
Minerações
(1991), os elementos da natureza são os temas dos versos do
livro. Ao final do volume, encontramos algumas palavras de Ângela Vaz Leão, que
explicitam claramente o projeto desta obra:
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