A respeito do tradutor de
Poemas
italianos, é importante sabermos que
Edoardo Bizzarri, doutor em Letras pela Universidade de Roma, chegou ao Brasil em
1948, para trabalhar como adido cultural no Consulado Geral da Itália em São Paulo.
Foi contratado em 1970 pela USP junto ao Curso de Língua e Literatura Italiana. Uma
das grandes preocupações de Bizzarri foi estabelecer diálogos culturais entre os dois
países em vários campos, como a literatura e as artes. Seu trabalho como tradutor foi
intenso: William Faukner, Aldous Huxley, Herman Melville e Henry James entre os
estrangeiros; Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, principalmente, entre os brasileiros.
Com respeito à tradução de
Poemas Italianos,
por não ser poeta, Bizzarri, no prefácio
do livro, parece querer desculpar-se, usando a 3ª pessoa para isso: “ele não se considera
poeta, nem fazedor de milagres, mas acredita no milagre permanente da poesia e da
universalidade da linguagem poética, além das diferentes estruturas lingüísticas.”
(MEIRELES, 1968, p. 6). Faz uso do trecho de uma crônica ceciliana (que ele afirma
estar entre as crônicas sobre a Itália, mas que não foi localizada) que lhe dá uma
resposta tranquilizante sobre o trabalho de tradução do livro. Um fragmento importante
cremos ser:
Como é impossível dizer-se, ao mesmo tempo, com a mesma forma,
exatamente a mesma coisa, nunca o poema será, traduzido, o que foi
no original. Resta o milagre de uma “reconstituição” do poema, em
outro idioma, o que só acontece quando o tradutor, sendo também
poeta, é capaz de sentir como sua a composição alheia, encontrando
assim, espontaneamente, a linguagem exata para dizer a mesma coisa,
com o seu vocabulário emocional. (MEIRELES apud BIZZARRI,
1968, p. 7)
A viagem à Itália deu-se no ano de 1953, logo após a viagem à Índia. Cecília,
acompanhada de seu marido Heitor Vinícius da Silveira Grillo (1902-1971), e
ciceroneados, ao que tudo indica, pela amiga Mercedes La Valle, chegou a Roma em
março e permaneceu por cerca de dois meses naquele país, itinerário evidenciado por
Bizzarri. Foram 12 lugares visitados neste espaço de tempo – Roma (2 vezes), Nápoles,
Pompéia, Sorrento, Salerno, Florença, Pistóia, San Gimignano, Siena, Pisa, Veneza e
Milão –, percurso feito, boa parte dele, com amigos e de automóvel.
Porém, na edição da
Obra Poética
de Cecília Meireles (1958), a única menção
à viagem à Itália está no poema “Voto”, escrito em 1954. Há outros poemas de
inspiração italiana, também publicados nessa edição – “Pequeno oratório de Santa
Clara” (1955); “Romance de Santa Cecília” (1957) e “Pistóia, Cemitério Militar
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