frentes do [sic] seus parques à suave brisa marinha, e mostra ao longe o prestigioso mar
Tirreno, com suas embarcações leves e rápidas.” (MEIRELES, 1999, p. 64)
Posillipo
é
um distrito de Nápoles cercado por ruínas romanas. Seu nome deriva do grego
Pausilypon
que significa “trégua do perigo” ou “o que faz acabar a dor”, ambos ligados
à paisagem do local. Trata-se de um ponto já citado em textos gregos e romanos antigos
que alcançou desenvolvimento quando foi construída a Villa
Posillipo
entre 1812 e
1824.
Esta informação é colocada nos versos da última estrofe, entre parêntesis,
como uma cena de paz que contrasta com a agitação e alegria da primeira cena: “(O
Pausillipo sonhava.../ No golfo corriam barcos,/ cada vez mais para Leste...)”. Ao
referir-se ao
Posillipo
que sonha, Cecília faz menção a vários escritores, que se
relacionam, de um modo ou de outro, à cidade de Nápoles: Vergílio 70 aC – 19 aC),
Cícero (106 aC – 43 aC), Sannazaro (1458-1530), Leopardi (1798-1837) e Gérard de
Nerval (1808-1855). Assim, é como se pintasse outro quadro: “Nápoles é Posillipo: é
Vergílio, é Cícero, é Sannazaro, é Leopardi. É também Gérard de Nerval [...].”
(MEIRELES, 1999, p. 64)
“Nápoles é Vergílio” porque o túmulo desse escritor está na cidade em local
chamado “
Parco Vergiliano a Piedigrotta
” ou Parque do túmulo de Vergílio, onde
também jaz Giacomo Leopardi (não confundir com o “
Parco Virgiliano di Posillipo
”,
em Nápolis). Fica perto da entrada da “
Crypta Neapolitana
” (conhecida como “
Grotta
di Pozzuoli
” ou “
di Posillipo
”). “É Cícero”, cuja tumba está em Formia, cidade e
comuna da província de Latina, na costa mediterrânea da Lazio. Está localizada a meio
caminho entre Roma e Nápoles, na Via Ápia da era romana. “É Sazannaro”, escritor
napolitano que deixou obras em latim e italiano, primeiro com inspiração virgiliana
descrevendo o Golfo de Nápoles, depois com 12 écoglas, prosa-poética em romance
chamado
Arcadia
.
Por fim, “é também Gérard de Nerval”, a quem a escritora dá destaque e cita os
seguintes versos: “
Je pense à toi, Myrtho, divine enchanteresse,/ Au Pausilippo altier,
de Mille feux brillant...
” e “
Dans la nuit du tombeau, toi qui m’as consolé,/ Rend-moi le
Pausilippo...
” (nos sonetos originais, a grafia é
Pausillipe
).
1
A visão da baía de
Posillipo, de frente para o Vesúvio, parece mesmo ser um quadro dentro do quadro, um
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