poetisa, abre um sem fim de possibilidades, pois, como já disse Ezra Pound (1976):
“Literatura é linguagem carregada de significado”.
Entende-se que Pound ao referir-se à literatura refere-se, acertadamente, ao todo que
esta constitui, no entanto, um bom exemplo para a afirmação de Ezra Pound é a poesia, pois
não há outro tipo de produção literária em que haja um “mostrar de alma” por meio das
palavras como se tem na poesia, bem como não existe nada mais repleto de significação do
que a alma humana.
Moisés (1989)confirma a declaração de Pound ao afirmar que a poesia é a
“expressão do ‘eu’ por palavras polivalentes”, essa polivalência da palavra poética se
caracteriza por proporcionar diversos sentidos ao leitor, afinal, “o poema é um espaço
possível de liberdade”, liberdade referente ao ato de criar e imaginar, não é por acaso que a
palavra poesia “vem do Grego
poiesis, de poiein
: criar no sentido de imaginar” (Massaud.
1989)
Compreend-se então o que se entende por Poesia Lírica ou Lirismo para que melhor se
entenda o estudo que será feito no decorrer deste trabalho.
Para Emil Staiger (1975) entende-se por poesia lírica “todos os poemas não muito
longos, sem personagens delineados, onde ritmo e melodia servem para expressar o estado de
um ‘eu’”.
O gênero lírico corresponde às composições marcadas pela primeira pessoa, por um
“eu” que se expressa por meio da linguagem. Segundo Salete de Almeida Cara (1989) “o
lirismo é uma maneira especial de recorte do mundo e de arranjo de linguagem” e o sujeito
lírico pode ser compreendido como o unificador de todas as escolhas de linguagem de que é
constituído o texto poético, no entanto, a poesia lírica só se concretiza efetivamente na
maneira com a qual a linguagem do poema organiza sons, ritmos, e imagens, bem como pelo
significado das palavras. Assim, a expressão desse sujeito lírico, criada por meio das
combinações, tanto harmoniosas como dissonantes, entre os aspectos sonoros, rítmicos,
imagéticos e significatórios é que constitui a poesia lírica.
Sabendo que a poesia lírica é a expressão de um sujeito lírico ou de um “eu interior”,
pode- se dizer que o enunciador de uma mensagem poética é, segundo Massaud Moisés
(1989), um ser egocêntrico na medida em que se debruça sobre si próprio e interessa-se
apenas pelo que pode ser interiorizado. Segundo Massaud o poeta está “à procura da própria
imagem, refletida na superfície do mundo físico” e o interesse pelas coisas externas – os
temas – dá-se “como se o poeta apenas estivesse concentrado nos seres e coisas que fossem a
emanação de seu próprio ‘eu’”. Tem-se, dessa maneira, uma explicação teórica do que se
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