objetos de estudos clínicos, para se tornarem categorias ontológicas que propiciam acesso á
essência da condição humana e do próprio ser.
E é nesse âmbito que Sartre aproxima o Humanismo do Existencialismo, posto que faz
com que o homem pense em si mesmo “dentro de um universo humano” (Sartre. 1943), que
entenda que não há ninguém, além dele mesmo, responsável por seus atos, que está sozinho e
é nessa solidão que ele deve fazer suas escolhas, mas que não é o voltar-se para si que o
ajudará a decidir, mas antes em procurar fora de si um fim. Só dessa forma é “que o homem
se realizará precisamente como ser humano.” (Sartre. 1943).
Sendo assim, é dessa forma que se pretende falar em Existencialismo na poesia de
Cecília Meireles, tomando como base esse “existencialismo humanístico” de que fala Sartre,
no qual o homem é o centro das questões, e por entender sua existência sofre a angústia de
saber-se frágil e efêmero.
Dentro dessa perspectiva, verificar-se-á nos poemas de Cecília Meireles a ocorrência
desses conceitos de modo à melhor compreender a poesia de Cecília Meireles.
O primeiro poema analisado foi
Se eu fosse...
, nele há a exaltação da condição
efêmera de alguns elementos da natureza – como se viu anteriormente –, a rosa, a água e o
vento, em detrimento do perdurar da condição humana.
Ao exaltar a condição efêmera desses elementos o eu-lírico coloca no poema a
questão da existência humana – o que, como já se disse anteriormente, faz parte dos temas do
Existencialismo, bem como do existencialismo humanístico – no que se refere a duração,
posto que, como se evidenciou na análise literária, a todo momento a voz poética compara a
duração da existência dos elementos citados a sua própria. Note-se o verso “
Perdoa-me
causar-te a mágoa
/
desta humana, amarga demora!/ de ser menos breve do que a água,
/
mais
durável que o vento e a rosa
”, ou seja, há a constatação humana de que há uma efemeridade
maior do que a da condição efêmera do ser humano. Além do questionamento de até que
ponto essa duração um pouco maior de outros elementos seria realmente boa, posto que ao
querer se transformar nos elementos da natureza que menciona está buscando fugir de sua
condição humana para evitar o sofrimento; sofrimento originário das complexas relações a
que o homem está propenso, no poema em questão trata-se do esquecimento por parte de um
outro ser, veja-se os versos: “
como em teu próprio pensamento
/
vais desfazendo a minha
vida!
Uma rosa desde seu despontar em botão até o dia em que a última pétala cai não dura
mais de uma semana. A água, como já se explicitou na a análise do poema, também tem esse
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