diverte, também solicita sua produtividade. Desse modo, a obra faculta na formação
desse leitor, sobretudo porque o dota de olhar crítico.
A Cocanha dos limeriques
Limeriques da Cocanha
estabelece dialogia com textos diversos, inclusive com
o poema de Bandeira “Vou-me embora pra Pasárgada” e, conforme seu texto de
apresentação, com um poema de autor francês desconhecido, escrito em plena Idade
Média (BELINKY, 2008, p.3). No cenário da literatura de cordel, a história da Cocanha
pertence ao imaginário do brasileiro nordestino (TRIGUEIRO, 2011). O diálogo com o
texto de Bandeira efetiva-se, por meio da paródia, pois o “eu lírico”, embora reconheça
alegria e fartos banquetes na Cocanha, também percebe a monotonia de um espaço em
que não há esforço para se obter o que se deseja. Trata-se de um livro composto por um
único poema, sob mesmo título. Esse poema é narrativo; sua trama retrata as peripécias
de personagens que vivem em um país imaginário. A enunciação em primeira pessoa
dialoga com o leitor e lhe propõe adivinhas: “Você sabe o que é a Cocanha?” (2008,
p.6). Desse modo, o discurso estrutura-se, por meio de um jogo de linguagem próprio da
oralidade, assumindo a função conativa da linguagem.
As imagens, pela simultaneidade de ações de personagens diversas em páginas
fervilhantes de detalhes em um plano conjunto, remetem aos quadros de Pieter Bruegel
(1525/1530-1569) e de Hieronymus Bosch (1490-1516). Assim, possuem função
narrativa, pois imprimem a sensação de ações que se desenvolvem no momento em que
são vistas. Essas imagens remetem ao universo fantástico, em que se retrata um mundo
de fartura, doçuras e banquetes. Desse modo, figurativizam os desejos da criança por
lugares exóticos e comida em abundância, sobretudo os doces. Sua apresentação
surpreende o olhar, pois difere a cada página, ora sendo sangrada, ora margeada na
folha dupla ou em uma única página.
A manutenção da atmosfera fantástica se efetiva, por meio da linguagem
verbal, das imagens e das cores. Essa atmosfera também está representada pelos seres
mágicos que compõem a narrativa. A capa remete à paz, tranquilidade e ao mundo dos
sonhos. Ao fundo da cena, em perspectiva, aparece a imagem de um castelo em verde
azulado, que reforça a atmosfera de conto de fadas. Em primeiro plano, vê-se uma
mulher sentada e encostada em um tronco de árvore, tendo ao seu lado um unicórnio