2. Busca das características Existencialistas no poema analisado.
Esta parte do estudo destina-se a responder a pergunta que originou este trabalho
acadêmico. Não que não haja validade na parte anterior, pois, afinal, trata-se de um trabalho
essencialmente voltado para a Literatura; mas desta parte em diante tratar-se-á do que vem a
ser a corrente existencialista, no tocante ao que Jean Paul Sartre diz em seu ensaio
O
Humanismo é um Existencialismo
; ademais de verificar se nos poemas anteriormente
estudados pode-se dizer que há alguma característica do pensamento existencialista.
No entanto, antes de se iniciar a leitura e análise do texto já mencionado faz-se
necessária uma pequena compreensão do que vem a ser o Humanismo. Heidegger (1973) diz
que a idéia de Humanismo foi utilizada pela primeira vez pelos romanos, como
humanitas
:
“1. humanidade, natureza humana. 2. Conjunto de coisas, qualidades que fazem o homem
superior aos animais, o espírito humano, o coração do homem.”
1
. Nessa perspectiva, se
contrapunham o
homo humanus
e o
homo barbarus
, sendo o primeiro o cidadão romano que
eleva a
virtus
, virtude, por meio da assimilação da cultura, esta entendida como as escolas
gregas pregavam, ou seja, a
paidéia
.
Nesse sentido, o
humanitas
seria a iniciação às artes, “o que torna o homem digno
deste nome”
2
.
O Renascimento, séculos XIV e XV, na Itália retoma o conceito de
humanitas
no
sentido de que o
barbarus
3
seria a Escolástica Gótica da era Medieval.
Desde o primeiro Humanismo, ainda que haja algumas distinções entre os que
permearam a história de nossa civilização, sempre se pressupôs como óbvia a essência
universal do homem, ou seja, a de que ele é tomado como um animal racional, que pensa
sobre si e as coisas. Na Filosofia Moderna, do século XVIII, o homem é concebido como um
ser ativo que domina a Natureza e a sociedade. Embora não haja separação entre Natureza e
homem dentro do movimento humanista, o homem é diferenciado dos demais seres por
manifestar suas diferenças na racionalidade, na moralidade, na ética, nas artes, etc. No
Humanismo o homem, como ser dominante, está sempre se aperfeiçoando através do
desenvolvimento proporcionado pela sua racionalidade.
É a partir desse Humanismo que Sartre discorre em seu ensaio, pois compartilha dessa
mesma opinião, para ele o homem está sempre por fazer-se, segundo ele no “humanismo
1
ANTÔNIO, Gomes Ferreira, org.
Dicionário Editora. Porto Codex. Portugal. 1998, pg.553.
2
Ibidem
3
Vicioso, incorreto. Opcit, 161.
1...,122,123,124,125,126,127,128,129,130,131 133,134,135,136,137,138,139,140,141,142,...445