HAROLDO DE CAMPOS, TRANSCRIADOR DE SCHWITTERS
Cristovam Bruno Gomes Cavalcante
Orientador: José Pedro Antunes
RESUMO:
Inspirado nos poemas fonéticos dos dadaístas de Zurique, KURT SCHWITTERS, que
alguns erroneamente consideram como o único dadaísta alemão, aproximou-se das
tendências construtivistas das vanguardas, quais sejam, o cubo-futurismo (Rússia), a
Bauhaus (Alemanha) e o movimento De Stjl (Holanda), tendo chegado a um conceito
ao qual seu nome hoje se vincula: MERZ (parte da palavra “KomMERZ”, que aparecia
em uma de suas colagens). Com esse conceito, ele não apenas pretendia distanciar-se de
Dada, como, corajosamente, aproximar-se de territórios inexplorados e, para ele,
altamente propícios à criação poética. Tendo trabalhado como designer e até criado um
ateliê de criação que criava campanhas de divulgação para empresas, ele explorou
fartamente as possibilidades da colagem, que desenvolvera como artista plástico, para a
linguagem do design, da propaganda e mesmo da arquitetura (MERZBAU, as
construções MERZ). Em “A arte no horizonte do provável”, Haroldo de Campos trata
de situar, para a nossa reflexão, a grande contribuição de Schwitters, da qual ele próprio
e os demais concretistas beberam. Tendo traduzido um dos poemas do artista alemão,
“Anna Blume”, Haroldo de Campos o incluía como referência para as criações poéticas
mais desafiadoras da modernidade. A obra de Schwitters ilustra, à perfeição, uma
afirmação muito clara aos poetas paulistanos, de que a poesia está mais para a música e
para as artes plásticas do que para a literatura. Essa a contribuição desta comunicação,
num simpósio que escolhe como título e mote o verso de Paul Verlaine: “Et tout le reste
est littérature”.
PALAVRA-CHAVE
:
VANGUARDAS,
POEMAS
FONÉTICOS,
TRADUÇÃO/TRANSCRIAÇÃO, MERZ
Em 1919, O poema “An Anna Blume, Dichtungen
”
, que fora publicado pela
revista
Der Sturm
no mesmo ano, também pelas ruas de Hannover foi divulgado.
Impresso em cartazes de meio metro, o poema causou enorme agitação na população
letrada, que ainda cultuava um lirismo piegas adornado ao modo rococó.
Toda a polêmica estabeleceu-se, pois Schwitters construiu “Anna Blume” a
partir dos dejetos linguísticos, assim confirmando a sua busca pela
forma
a partir do que
não é tratado por
bela-arte,
logo, estabelecendo fortes marca estética na criação
,
pois
facilmente remete-se aos resquícios do consumo cotidiano, como cacos de vidro,