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O exilado, assim como o turista ou o cosmopolita, também “deixa-se viver”, no
entanto o exilado vive uma condição de desequilíbrio permanente porque encontra uma
constante tensão com o seu espaço que se contrapõe a fatores culturais como língua,
percepções da realidade, costumes, entre outras formas de contraponto com a identidade
perdida do exilado.
Escolher um gênero como a correspondência significa, por parte do exilado, do
cosmopolita ou do turista, compartilhar uma subjetividade que passa do plano pessoal
(cartas) para um plano social e amplo (romance), o que mostra as diversas fraturas que
transformam Fradique Mendes num herói ora em conflito com seu espaço, ora em
sintonia e conflito e, por fim em sintonia. Tem-se, dessa forma a passagem do turista
para exilado e de exilado para cosmopolita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Companhia das Letras, 2001.