também esvaziada de substancialidade, que destaca com graça o próprio mecanismo
subtrativo que a constitui. “
Ou – agora o motivo lúdico – fornece-nos outro menino,
com sua também desitiva definição do ‘nada’: -
‘É um balão, sem pele...’” (ROSA,
1979, p.6). A anedota de abstração seguinte, colhida da poesia, opera uma eliminação
parcial no “Soir Religieux” de Verhaeren: “Semblent les feux de grands cierges, tenus
en main, / Dont on n´aperçoit pas monter la tige immense.” Como a religião, a poesia
efetua imagens endereçadas à sensibilidade encarregada de atualizar um sentido
superior, também anterior e substancial à semelhança da mimese clássica irredutível à
racionalidade inferior. Com a diferença dissimulada pela poesia que, na verdade,
negaceia nas sombras. Em seguida, o prefaciador apresenta também anedotas de
abstração que operam eliminação total ludicamente proposta na adivinha sobre o nada e
subtração seriada também lúdica numa quadra de Aporelly ou na estória dos dez
negrinhos que insolitamente desaparecem um a um. A religião e a poesia compartilham
as operações subtrativas parciais que representam um sentido superior e ausente. Já as
quadrinhas e estórias com intenções lúdicas e temas apropriadamente amenos efetuam
subtrações totais sem desiludir o receptor que se diverte porque o jogo no fim não refere
nem predica.
“Aletria e hermenêutica”, avalia o funcionamento de cada anedota de abstração
simulando “objetividade” e distanciamento ao narrar na terceira pessoa (RAMOS, 2007,
p. 54).
Dando-se, porém, passo atrás
: nesta representação de
‘cano’: - ‘
É um buraco, com um pouquinho de chumbo em volta...’ –
espritada de verve
em impressionismo
, marque-se
rasa forra
do
lógico sobre o cediço convencional.
Mas
,
na mesma botada
,
puja
a definição de ‘rede’: -
Uma porção de buracos, amarrados com barbante...’ –
cujo paradoxo
traz-nos o ponto-de-vista do peixe.
Já esperto
arabesco espirala-se na ‘explicação’: -
‘O
açúcar é um pozinho branco, que dá muito mau gosto ao café, quando
não se lho põe...’ –
apta
à engendra poética ou para artifício-de-
cálculo em especulação filosófica
(...) (ROSA, 1979, p. 10) (itálicos
do autor/negritos nossos).
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