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mensagem visual, com ênfase na sua configuração visual; e
expressiva
, quando revela
sentimentos e valores do produtor da imagem, bem como quando ressalta as emoções e
sentimentos do ser representado. (CAMARGO, 1998, p. 60-61)
A função
narrativa
das ilustrações do poema se faz notar pelas ações
praticadas pelo eu lírico na ânsia de deter o objeto de seu amor: a estrela. A função
estética
se verifica, por exemplo, no trabalho metonímico em relação à estrela, em que
somente os efeitos do elemento roubado são ilustrados, e não a própria estrela. O
intenso lirismo com que a ilustradora nos apresenta o homem da história, com uma
fisionomia de tristeza pela perda do ser que ama, seja uma estrela ou uma mulher, faz
com que venha à tona todo sentimento de sofrer por amor. Identificamo-nos com este
homem.
2.2. As imagens poéticas do lirismo de Neruda
O poema em análise nos fala de um homem que, por amar estrelas, apodera-se
de uma delas e, ingenuamente, esconde-a em sua casa. Como que adquirindo vida
própria, a exemplo mesmo de um personagem, a estrela não se adéqua à vida deste
homem. O que sabemos dele é que se trata de um homem comum: vive numa grande
cidade, precisa trabalhar para comprar pão e mantimentos no mercado e pagar suas
contas. É uma pessoa como outra qualquer.
No entanto, este poema nos remete ao fantástico e maravilhoso, justamente
quando este homem decide, num desatino de paixão, roubar do céu uma estrela, com a
nítida intenção de tê-la somente para si. Neruda nos proporciona, assim, a temática da
paixão e possessão de amor, isto é, quais os limites do verdadeiro amor ou como são as
relações entre o amante e o ser amado. De uma perspectiva semiótica, há um sujeito do
fazer (o homem) que está, inicialmente, em relação de posse com o objeto de desejo (a
estrela). Ao final do poema, o personagem mantém uma relação de privação com o
objeto de desejo, pois entrega a estrela ao rio.
Sabe-se que o texto literário é plurissignificativo. Nesse caso não seria
diferente, sobretudo em se tratando de Neruda. Todo o argumento que desencadeia a
narrativa poética – o apoderar-se de uma estrela a partir de um ato extremo de amor –
está assentado no processo de similaridade. O ponto máximo do poema nada mais é do
que uma metáfora do ser humano e de suas relações amorosas, razão pela qual nos
permitimos indagar: o que é o ser amado em relação àquele que o ama; até que ponto