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do lado de fora da casa, o que chama a atenção das pessoas que por lá passam e ficam
fascinadas com fato tão maravilhoso, não é a estrela em si, mas o clarão que ela emite e
que a casa já não pode conter, de tão intenso: sai pela janela da casa e alcança o espaço
externo.
Ainda com relação à linguagem de “Ode a uma estrela”, bastante evidentes são
as imagens poéticas que Neruda emprega para dar sentido ao sofrimento de amor. A
seguir, algumas considerações sobre a imagem poética:
A imagem poética, acontecimento do
logos
, é para nós inovadora. Não
a tomamos mais como “objeto”. Sentimos que a atitude “objetiva” do
crítico sufoca a “repercussão”, recusa, por princípio a profundidade,
de onde deve tomar seu ponto de partida o fenômeno poético
primitivo [...]. Admitindo uma imagem poética nova, experimentamos
seu valor de intersubjetividade. Sabemos que a repetiremos para
comunicar nosso entusiasmo. (FERREIRA, 2008, p.98)
Nesse sentido, apontamos o que concebemos como as imagens poéticas de
“Ode a uma estrela”, relacionadas, basicamente ao ato de apoderar-se da estrela ou às
características desse elemento roubado: “arranha-céu altíssimo e aflitivo”; “tocar a
abóbada noturna”; “apoderei-me de uma estrela celeste”; “estrela roubada em meu
bolso”; “um pacote de gelo ou uma espada de arcanjo na cintura”; “luz que palpitava
como se quisesse retornar para a noite”; “insólito clarão de minha janela”; “estrela da
noite fria”; “um peixe insolúvel”; “na noite do rio”; “corpo de diamantes”. Pode-se
deduzir, das imagens poéticas elencadas, que são expressões de linguagem poéticas do
mais alto lirismo. Além disso, tais expressões linguísticas como que se revestem, na
imaginação do leitor, de um sentido bastante visual, plástico, razão pela qual as
designamos como “imagens”. São inusitadas, mágicas e denotam a verdadeira
sensibilidade do poeta que as elabora. Moisés (2012, p.230), a esse respeito, observa
que “a poesia lírica é a maneira como a alma, com seus juízos subjetivos, alegrias e
admirações, dores e sensações, toma consciência de si própria [...]”. É o que sentimos ao
ler “Ode a uma estrela”, com o que, a propósito, nos identificamos...
3. A título de conclusão
Muito ainda poderíamos dizer sobre a obra analisada, pois tão prazeroso foi
estudá-la. Mas, sintetizando nossa análise, cumpre salientar que a presente edição
Ode a
1...,335,336,337,338,339,340,341,342,343,344 346,347,348,349,350,351,352,353,354,355,...445