O FENÔMENO POÉTICO DE GIUSEPPE UNGARETTI: DIZER O INDIZÍVEL
Karina UEHARA
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RESUMO
Em 1931, publicou-se em edição definitiva
L’Allegria
, do poeta italiano Giuseppe
Ungaretti. Os poemas, escritos “em meio à lama da trincheira”, expressam a
necessidade do falar de um poeta que estava em plena Guerra Mundial. Essa urgência é
revelada em uma poética extremamente concisa, pois era necessário concentrar na
linguagem “toda a realidade da partícula que ao poeta foi dado perceber”, como disse o
escritor. Por isso, a palavra isolada e a quebra da sintaxe são características dessa obra,
deixando, em alguns poemas, reminiscências de haicais. Aquele viver na contradição, o
impulso vital multiplicado pela proximidade com a morte, traz à poesia a tomada de
consciência não só da condição humana como, também, de estar vivo, a cada instante.
E, esses instantes são eternizados, universalizados e potencializados pela imagem
poética que, já em sua essência, diz o indizível por carregar em si a “pluralidade do
real”. São qualidades, sensações e significados que unidos na imagem parecem nos
apresentar à própria percepção de um momento, à própria experiência do real. Portanto,
este trabalho pretende, mediante as reflexões do escritor e crítico Octavio Paz, discutir
essas imagens potencializadoras que exprimem aquilo que à linguagem foi impossível
traduzir. Sobretudo as imagens relativas à luz, seus deslumbramentos e sua miragem.
“Palavra-luz”, expressão do próprio poeta, que é capaz de “iluminar”, ainda que por
alguns instantes, o mistério impenetrável do Universo inerente ao ser humano.
PALAVRAS-CHAVE
Imagem poética; Poesia de trincheira; Palavra-luz; Poesia moderna italiana; Giuseppe
Ungaretti.
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Mestranda do programa de pós-graduação em Letras, na área de Literatura Portuguesa, pela
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
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