Nesses quatro poemas apresentados, foi possível perceber a singularidade da
imagem poética que complementa o inalcançável da linguagem, de momentos
aparentemente ínfimos do cotidiano e que coube a um poeta traduzi-la, porque:
A imagem não explica: convida-nos a recriá-la e, literalmente, a
revivê-la. O dizer do poeta se encarna na comunhão poética. A
imagem transmuta o homem e converte-o por sua vez em imagem, isto
é, em espaço onde os contrários se fundem. E o próprio homem,
desgarrado desde o nascer, reconcilia-se consigo quando se faz
imagem, quando se
faz outro
15
.
Do iluminar intenso de uma “Mattina” aos últimos instantes luminosos de
“Tramonto”, tem-se a “palavra-luz” e “o poeta afirma que suas imagens dizem algo
sobre o mundo e sobre nós mesmos e esse algo, ainda que pareça um disparate, nos
revela de fato o que somos.” (PAZ, 2009, p.45)
Se para o poeta foi a “luz” que aclarou os caminhos do porvir trazendo a
esperança num tempo obscuro e auxiliou-o na busca de si, mediante a reflexão do tempo
passado por via da “memória”, e da “palavra pura”. Para nós, Leitores, é a “luz” que nos
devolve aquele “olhar estrangeiro” e “inocente” das idades primeiras, em que tudo é tão
novo e tão belo e tão vivo... Sem dar margem à cegueira que se instaura com o passar do
tempo.
15
Ibidem, p. 50.