A seguir, um trecho retirado de uma entrevista feita com o autor, concedido à
Folha de S. Paulo na qual compreendemos porque Cacaso considera Alvim como “o
poeta dos outro”.
Meus livros acompanham de perto o que vou vivendo. Tem um forte
lastro de minha experiência pessoal, o que não significa que se atenham
a ela. Partem dela para chegar à do outro, para imaginar, sentir e pensar
a do outro.
Um dos poemas que provam o quanto o autor solidariza sua voz é o “Eta- Ferro”
publicado em seu livro Elefante (2002) onde o autor fala de si mesmo como se fosse
outra pessoa.
Pouso Alegre acabou
Pombal acabou
A glória está acabando
Chico Alvim acabou
Tio Firmino acabou
Juquinha acabou
Tio fausto acabou
Eu- Fausto-acabei
Tia Januária acabou
Vovô Soares acabou
Deusdedit acabou
Tio Chiquinho acabou
A filó acabou
Vovó Emília acabou
Tia Rosinha acabou
Tudo acabou
Tudo acabou
(Alvim, p.43)
Ao dar voz ao outro, o autor perde sua própria voz, o que faz com que
encontramos em seus livros vários poemas que não possuem a presença ou intervenção
do lírico. Um exemplo de poema que não possui essa intervenção é o “O gênio da
língua”, exposto a seguir.
Como manso
Bobo alegre
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