Baque
tem uma linha de continuidade em relação ao meu livro
anterior, Novo Endereço. Noto em ambos aquilo que chamei de
abertura ao espaço público, á sociabilidade conflitiva própria de
uma cidade como São Paulo. Não é casual, portanto, a presença
de tantos poemas sobre mendigos, malandros, doidos,
desempregados, enfim, poemas sobre os parias engendrados por
novas formas de ordenação, do espaço urbano.( SALES , 2008)
No livro
Baque
encontramos a presença da violência tratada em poemas
como “A ocasião faz o ladrão”, título que já dá a dimensão da temática que será
abordada: a questão da violência gerada pelo assalto. O eu lírico ironicamente se
utiliza de uma linguagem que mimetiza o falar marginal.
O ladrão busca
O mesmo que nós
O negócio perfeito
O lance é não dar moleza
A atitude da vitima
Desencadeia a ação criminosa
Quem anda sozinho
Em lugar ermo
Olhando o infinito
Está pedindo
Quem segue sempre
O mesmo Caminho
Pará no sinal
Á esquerda
Na primeira fila
Está pedindo
Na bolsa
Uma segunda Carteira
É de bom alvitre
Ao atender a Campainha
Fale alto, bem alto
Como se estivesse
Conversando com mais alguém.
(Weintraub,2007.p.37)
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