[...] Sendo o poeta interlocutor do povo do qual é oriundo,
percebe-se que ele tenta agradar a sua plateia de consumidores,
com temas que despertem neles seu interesse e, sobretudo, que os
divirtam, mesmo que, às vezes, o faça desenvolvendo temas que
satirizam a ironizam com personagens que popularmente não são
bem vistos pelo povo, como é o caso aqui em destaque da
“impopular” figura da sogra”.
(SILVA, 2011, p. 36)
Discussões sobre o tema
Muito se questiona sobre o motivo que levaria o autor a escrever sobre este
assunto, seria apenas para agradar o seu público ou por questões pessoais? Ele apenas a
estigmatiza ou acaba por exaltá-la mediante a tanta atenção que dá a ela?
Essas dúvidas são respondidas quando analisada a vida do cordelista, pois em
sua experiência pessoal Leandro sofreu “nas mãos” de sua sogra. Sendo a sua esposa de
uma família mais abastada convencionou-se que eles morariam na casa de sua sogra
após o casamento, essa era um questão econômica e social. Para a sogra era
praticamente inaceitável o fato de o poeta ser um cordelista, um boêmio, e ir para a feira
vender os seus folhetos, ela o tratava com completa discriminação e desprezo. Ele foi
muitas vezes humilhado por ela. Diversas vezes é a antipatia de sua própria sogra que é
retratada nos folhetos que escreve e ao falar sobre ela essa seria a sua vingança.
É importante também ressaltar que Leandro Gomes de Barros vivenciou o
período histórico monárquico e sua transição para a República, e por isso ele foi muito
influenciado pelo pensamento de sua época e pela cultura do Nordeste. Por essa causa é
possível concluir que era natural ele trazer em seus versos essa visão patriarcal, falando
sempre de forma machista e autoritária, acreditando que a mulher ocupa uma posição de
inferioridade em relação ao homem.
A sogra é em toda a literatura popular a figura feminina que mais recebe críticas,
perjúrios e maldições, ela é a maior inimiga do lar e representa também quem tem a
maior possibilidade para fazer o mal, apesar da sua posição de inferioridade. Nos
folhetos de Leandro Gomes de Barros a sogra pode ser retratada como uma mulher
maldosa, sendo também já velha, sua imagem é sempre carregada de preconceitos.
Motivo de ódio e rancor convencional por parte dos genros.
Versos, anedotas, provérbios, pilhérias, em todas as línguas do
mundo, tornam a sogra objeto de ridículo feroz, de
permanentemente intriga, inimiga do lar e da paz doméstica”
(SILVA apud CASCUDO, 2011, p. 37)
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