serão exploradas a seguir em relações gerais entre a poesia e pintura, nessa relação vista
no soneto, forma tipicamente clássica, nas características de Bocage, no porque de ele
ser um poeta visual e dinâmico e de que modo tais características nos remetem à
pintura, principalmente a do período Romântico.
2.
Relações entre a poesia e a pintura
Em se tratando de aspectos gerais entre a poesia e a pintura, Oliveira (1999)
nos deixa essa relação bem clara através de algumas passagens:
“A forma do texto poético é própria. Ela já é um desenho, mostra-se
em verso, configura um espaço novo no pergaminho, na página ou na
tela, tempo e espaço se buscando, se sobrepondo”. (p.12-13)
A Poesia, por exemplo, se desenha na página, tanto chamando a
atenção para sua materialidade física quanto para as ideias que o
conformam. Se manifestadora de formas, estas se mostram
significativamente variadas; se portadoras de conteúdo, este se
manifesta por algum aspecto de visualidade. Igualmente se dá com a
pintura. O elemento comum entre poesia e pintura parece-nos estar
naquilo que permite torna-las objeto de visão. (p.33)
Dessa forma, o autor já nos faz entender a relação entre a poesia e um quadro,
por meio de aspectos visuais. E vai além dessas concepções, tomando a semiótica de
Peirce, pois considera esse o caminho que “nos fornece possibilidade de relacionar as
duas artes, a poesia e a pintura” (p.23) e cita os conceitos de primeiridade, secundidade
e terceiridade, também definidos por Santaella (1983), em que a primeiridade seria “o
presente imediato, de modo a não ser segundo para uma representação”. Assim é, por
exemplo, as concepções de mundo por uma criança (p.45), a que Oliveira (1999) define
como “aquilo que é tal como é (...) sem qualquer referência (p.25). E, para Santaella
(1983), Secundidade “é aquilo que dá à experiência seu caráter factual, de luta e
confronto. Ação e reação em nível de binariedade pura” (p.51) e terceiridade é
“inteligibilidade ou pensamento em signos”, “representação”, “percepção” (p.51)
Dentro do aspecto de visualidade da poesia, que “se desenha na página” e da
semiótica de Peirce, está o conceito de “ícone”. Segundo Oliveira (1999), “imagem é
ícone, „signo que tem alguma semelhança com o objeto representado‟”. E toma o
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