VISUALIDADE E DINAMISMO: A POÉTICA DE MANUEL BOCAGE EM
DIALOGO COM A PINTURA ROMÂNTICA
Lígia Egídia MOSCARDINI
Graduanda em Letras
UNESP – Araraquara
RESUMO:
Apresenta-se uma analogia entre poesia e pintura, de modo a averiguar o quanto a
arte poética está mais próxima das outras artes do que propriamente da literatura, sob a
afirmação “e todo o resto é literatura”, de Verlaine, que norteou este trabalho. Para tanto, se
fundamentará principalmente nas obras
Poesia e Pintura, um diálogo em três dimensões,
de
Valdevino Soares de Oliveira, com elementos gerais dessa relação, bem como materiais sobre
Manuel Bocage, em que o principal é
As raízes Existenciais doa Poesia Bocagiana,
de Nelly N.
Coelho, que ressalta seu aspecto de visualidade e dinamismo, dos quais se relacionarão com a
pintura romântica, o que versará sobre aspectos mais específicos dessa relação. Portanto, a
finalidade não é estabelecer uma relação intertextual, mas, sobretudo, um dialogismo, se
repensando as semelhanças e diferenças entre as duas artes.
PALAVRAS-CHAVES:
Bocage, Visualidade, Pintura Romântica.
1.
Introdução
A relação entre poesia e pintura parece referir diretamente aos poetas
concretistas, da segunda metade do séc. XX, uma vez que a concepção de visualidade e
aspectos de artes gráficas nesse tipo de poesia é mais perceptível. Por isso, nos
intrigaram questões como: afinal, essa relação seria realmente nova? Se não, quais
elementos de poemas mais clássicos poderiam explanar semelhanças e diferenças entre
poesia e pintura?
A partir de investigações nesse sentido, observa-se que, de fato, não se trata de
uma analogia recente, e que os concretistas apenas a levaram ao extremo. Oliveira
(1999) em
Poesia e Pintura, um diálogo em três dimensões,
menciona que “A poesia
visual funde as duas e transporta para a página os processos criativos de uma e de outra”
(p.12) e reitera: “o pressuposto dessa ligação se inicia na antiguidade greco-latina”
(p.11), sendo possível encontrar referências como: “a pintura é uma poesia muda e a
poesia uma pintura falante” (Simônides de Cós, 556 a.c. -448 a.c. poeta lírico grego
(op.cit. p.13)
Por esses motivos, se constatará tais relações em um poeta neoclássico, que