conceito de Pignatari de que “fazer poesia é transformar o símbolo em ícone” (Oliveira
apud
Pignatari, p.42).
E põe “
a visualidade
como elemento comum da aproximação para ambas”
(p.33, grifo nosso), colocando-a “no universo da primeiridade, do ícone” (p.36) porque,
segundo o autor, “a poesia é a transformação do símbolo em ícone, isso é, da palavra em
imagem visual, mental, então, a rigor, a poesia é palavra de que se acolhe com ênfase a
dimensão visual”. Mas esse ícone “transgride o simbólico” (p.38) e é
não
representativo,
sendo “aquilo que é tal como é”. Assim, coloca o ícone na categoria de
primeiridade, de Peirce, e não na terceiridade, que seria “representação e percepção”.
Dessa forma, a poesia é a palavra que enfatiza a dimensão visual, por se
formar de aspectos sonoros e imagéticos. E as imagens aspiram visualidade. E então a
poesia possui vários aspectos de visualidade, desde a apresentação material do poema
até as imagens descritivas.
3.
O soneto enquanto forma poética próxima da pintura
Oliveira (1999) ressalta em sua obra que, de um modo geral, a poesia “se
insinua no espaço da folha como objeto para ser visto” (p.58). E ainda fala da poesia em
se tratando da
forma,
definindo que “forma aqui, então, é
matéria poética, com força
icônica,
conectando manifestações do verbal e do visual, que preenchem o estatuto da
poesia e da pintura. O poético é a forma que se potencializa, se manifesta, se assemelha
(p.51, grifo nosso)
.
E defende o soneto como forma poética que evidencia bastante isso,
uma vez que é genuinamente visual, pois é uma forma de reconhecimento imediato:
É uma forma que tem limites, que estabelece um espaço e que
enquadra um determinado conteúdo. Tem um formato. É um quadro.
Sua construção foi presidida por princípios racionais, geométricos e
matemáticos. (p.58)
Quando tratamos da poesia da forma, a estrutura do soneto, enquanto
esquema a ser preenchido pelo verbal, diagramatiza a relação das
partes e apresenta uma analogia entre elas. É o suporte material,
fotográfico, da forma poética”. (p.62)
Olhá-lo lembra a forma poética. Há uma semelhança esquemática,
diagramática entre o texto produzido e o que ele sugere, quer quanto à
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