REPRESENTAÇÕES DA SOGRA NA LITERATURA DE CORDEL
Letícia Fernanda da Silva Oliveira, graduanda, UNESP, Assis
RESUMO
Desde que se tem notícia, a figura da sogra foi sempre espicaçada e satirizada pela cultura
popular. Alguns poetas populares chegam a desenhá-la algo muito próximo da Prosérpina das
diabruras infernais, personagem cômico-grotesca da praça pública medieval. Um desses poetas,
Leandro Gomes de Barros, escreveu dezenas de folhetos onde a figura da sogra aparece sempre
ou em consórcio com o diabo ou fazendo-o vítima de seus ardis. Nos poemas de Leandro a
sogra apresenta-se sempre como linguaruda, faladeira, motivo que o levaria, no folheto
Vacina
para não ter sogra
, a associar a morte de duas sogras à falta de chuvas no sertão nordestino:
“No lugar que elas morreram,/Vintes anos não choveu,/A carniça da melhor,/Essa sempre
apodreceu,/Isto é, porém a língua/O urubu não comeu”. Dois folhetos da lavra de Leandro
servirão de base para a minha apresentação neste simpósio:
Vacina para não ter sogra
e
A
sogra enganando o diabo
. Na minha comunicação pretendo responder às seguintes questões:
Quais as imagens recorrentes na cultura popular para representar a sogra? Por trás da
estigmatização da sogra há um discurso misógino da parte dos poetas populares? Ao satirizar a
sogra os poetas populares reforçam a imagem negativa da mesma ou acabam por exaltá-la?
PALAVRA-CHAVE:
Literatura de cordel, Leandro Gomes de Barros, sátira, sogra.
“
[...]
Pois uma sogra enterrada
É uma coisa excelente
Uma feira sem fiscal,
Um senhor d’engenho doente
Um proprietário cego,
É um descanso da gente
!
[...]
Tendo-se a mulher em casa
E a sogra na sepultura,
Enterrada em massapê,
Com dez palmos de fundura,
O casal vive no céu
Só vê delícia e doçura.”