Página 300 - Anais do IV Seminário Leituras da Modernidade: entornos da poesia

(BARROS, Leandro Gomes de, O testamento de uma sogra,
s.n.t)
Introdução
Leandro Gomes de Barros, o primeiro grande autor brasileiro da Literatura de
Cordel, nasceu em 1865 em Pombal, município localizado no estado da Paraíba. Tendo
vivido boa parte de sua vida no Recife, onde passa a editar folhetos. Depois de morrer,
sua esposa vende todos os direitos autorais de seus cordéis para o cordelista João
Martins de Athayde. Por isso é comum encontrarmos a mesma história contada da
mesma maneira pelos dois autores.
Estima-se que Leandro escreveu mais de 230 obras, e por isso ele é o autor mais
notável a respeito de um tema pouco tratado na Literatura em geral: a sogra. É dele a
produção de pelo menos 10 cordéis que tratam exclusivamente sobre esse tema, e outros
que tratam do tema como parte do seu enredo. Entre esses folhetos estão: Vacina para
não ter sogra (1917), Como se amansa uma sogra (s.d.), A alma de uma sogra (s.d.), A
sogra enganando o diabo (s.d.), Um susto em minha sogra (1911), O testamento de uma
sogra (s.d.) e Uma viagem ao céu (s.d.).
Além destas obras de sua autoria, existem duas outras notáveis: O livro de uma
sogra, de Aluísio Azevedo, e um conto chamado “O conto da velha ”, presente no livro
O País das Uvas, de José Valentim Fialho de Almeida.
É interessante pensarmos na percepção de mundo que tinha o poeta, pois a época
em que escrevia era a época em que a “literatura de folhetos cultivava uma grande
variedade de preconceitos, em que estava inclusa a “figura da sogra””, é o que diz
Geralda Medeiros de Nóbrega, no prefácio do livro A Representação da Sogra na Obra
de Leandro Gomes de Barros, escrito por José Itamar Sales da Silva.
Sendo a Literatura de Cordel uma produção tipicamente popular cabe ressaltar
que ela descreve um universo temático e multicultural, pois o poeta deve representar a
figura feminina em suas mais variadas formas. Dentro dessa vastidão de figuras
possíveis, está entre elas a figura da sogra, sempre presente no imaginário popular,
principalmente no dos genros, que a veem como causadora do mal estar dentro do
ambiente familiar.