CIÊNCIA E RELIGIÃO EM DANTE E HAROLDO DE CAMPOS
Fernando José Germano Esteves, G – UNESP/Assis.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Andrade.
RESUMO
: Partindo da hipótese de que, em
A Máquina do Mundo Repensada
, que
atualiza uma das principais obras da tradição literária ocidental, A Divina Comédia de
Dante, usando-a como modelo, o
topos
da "máquina do mundo" funciona como
"metáfora epistemológica", cuja dinâmica, que gera tanto o poema de Dante quanto o de
Haroldo, é constituída pela interação entre Ciência e o que Alistair Crombie, em seu
livro
Science, Art and Nature in Medieval and Modern Thought,
chama de "contextos
culturais mais amplos" (Filosofia, Religião, etc.), este trabalho pretende identificar
algumas convergências entre a Commedia e o poema de Haroldo de Campos.
PALAVRAS-CHAVE
: máquina do mundo, metáfora epistemológica, poesia, ciência,
religião
Pretendo que essa minha comunicação não seja, como afirmou Eric Voegelin
sobre sua obra, "an attempt to explore curiosities of the past, but an inquiry into the
structure of order in which we live presently" (uma tentativa de explorar curiosidades do
passado, mas uma investigação da estrutura da ordem na qual estamos vivendo no
presente.)". Antes de entrar no espinhoso tema Ciência e Religião, quero falar algo
sobre a ( não menos espinhosa) relação entre Ciência e Literatura ( ou, no caso, a
poesia), retomando a discussão mais genérica sobre a relação entre Ciências Humanas e
Ciências Exatas. Ao falar disso, e tentar definir o nosso lugar na ordem das coisas -
lugar de quem lida com a poesia - tento me concentrar nos objetivos A e E, constantes
no programa do evento.
a) refletir sobre aspectos fundamentais da poesia moderna e
contemporânea, como as relações entre as instâncias ética, estética e
discursiva;
e) Mostrar como as novas produções permitem descobrir novos
sentidos e refletir sobre os espaços que o poema ocupa na vida atual.
Gostaria de citar, à guisa de introdução ao tema, dois físicos iminentes que se
interessavam pelas Humanidades. O primeiro é Heisenberg que, na Primeira Guerra
Mundial, então um adolescente, numa cidade reduzida à miséria pelo cerco e pelos
bombardeios, se escondia no porão de uma igreja para ler Platão e discutir com seus